Páginas

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Especialista em Docência do Ensino Superior pela Fibh e graduado em História pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Atualmente é professor do ensino médio. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da tecnologia na educação.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Educação brasileira

A Revista Vox Objetiva em sua edição de nº 28 trouxe uma reportagem de Lucas Alvarenga sobre a educação no Brasil intitulada: Passando a Limpo. Vejamos alguns trechos dela.

“... entre 2005 e 2009, o Brasil ampliou em 72% o investimento público por aluno no ensino básico? Pesquisadores brasileiros apresentam leituras diferentes para o mesmo tema e garantem: os fatos, observados isoladamente, não explicam a educação no país.

Tanto, que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil dá mostras de que a educação está entre suas prioridades. Afinal, o número de pessoas que não havia completado o ensino médio no país caiu de 63% em 2007 para 59% em 2010. Além disso, o país registrou, no mesmo período, a maior elevação na quantia de recursos destinados por aluno da educação infantil e do ensino médio, 121%. Sinais de evolução que esbarram, porém, em outros números nada animadores.

No exame internacional Pisa de 2006, o Brasil ficou em 54º lugar entre os 57 países avaliados em matemática e em 49º entre 56 países na avaliação sobre capacidade de leitura. Já no Enem 2010, o panorama foi ainda mais desolador. Entre as instituições de ensino que tiveram desempenho inferior à média nacional na prova objetiva (511,21 pontos), 96% eram públicas. Ao todo, 63% das escolas participantes ficaram abaixo da média, segundo o Ministério da Educação (MEC). E na ponta da tabela, apenas uma escola pública entre as 20 melhores do país.

Mesmo com R$ 63,71 bilhões reservados este ano, as personagens da educação vêm protagonizando cenas de reivindicação pelo cumprimento do piso salarial, instituído na administração Lula, além de histórias como de Silvana dos Santos, mãe que, durante a greve dos professores em Minas Gerais, viu que a transferência de sua filha não foi a melhor das escolhas. A jovem ficou sem aulas na nova escola pública e a mãe, consternada. A fim de colaborar para a resolução destes problemas e em favor de uma melhor relação custo-benefício para o ensino, especialistas em educação verificam o quão eficientes são os gastos com o setor e mostram que o valor investido por aluno ainda está aquém dos padrões Internacionais.

A meta é dez
Doutor em Educação pela Unimep-SP, Nelson Cardoso Amaral não dispensa os números. Categórico, o especialista em financiamento educacional compara realidades distintas para sustentar a bandeira em favor de 10% da riqueza nacional para educação até 2020. “Em 2008, o Brasil teve um PIB, corrigido pelo poder de compra, de US$ 2 trilhões, enquanto a Alemanha chegou a US$ 3 trilhões. O governo brasileiro aplicou 4,7% do PIB em educação, já o alemão, 4,6%. A população em idade educacional brasileira foi de 84 milhões e a germânica de 18 milhões. Se efetivarmos as contas de quanto Brasil e Alemanha gastaram por pessoa em idade educacional, concluímos que aqui se aplica US$ 959 e lá US$ 7.187. Uma grande diferença”, esmiúça.


 (...) O pesquisador compartilha tal argumentação com membros de movimentos sociais e estudantis e até mesmo com a cúpula do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Para estes, a intenção do MEC de se destinar 7% do PIB à educação até 2020 é insuficiente, apesar de a média de investimento nos países da OCDE se aproximar de 6%. A razão para a atual deficiência estaria em fatores como a parcela de pessoas em idade educacional, que compreende a faixa etária de 0 a 24 anos, frente à riqueza brasileira.


 (...) Nem todos os pesquisadores pensam igual a Amaral. “A quantidade de dinheiro destinada à educação no Brasil não está ruim. É claro que pode melhorar, mas isso é uma necessidade geral. A valorização do setor, com maiores investimentos, é uma decisão legítima e soberana. Vejamos, porém: os gastos nas redes estaduais e municipais se aproximam dos parâmetros internacionais. O problema do ensino no Brasil é, na verdade, de gestão de recursos”, argumenta Samuel Pessôa, doutor em Economia pela USP e chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).

A fim de estudar os efeitos colaterais da má gerência e do desvio de verbas destinadas à educação no Brasil, pesquisadores desenvolveram um estudo pela PUC-Rio, junto à Universidade de Berkeley (EUA) e ao Banco Mundial. Assinado pelos economistas Claudio Ferraz, Frederico Finan e Diana Bello Moreira, “Corrupção, Má Gestão, e Desempenho Educacional: Evidências a Partir da Fiscalização dos Municípios” surgiu como possibilidade de se analisar as consequências de desvios sobre a disposição de bens e serviços públicos. “A educação é reconhecida de forma unânime como importante para o desenvolvimento de países e, dada a riqueza de dados educacionais no Brasil, o setor nos pareceu o candidato natural para estudar os efeitos da corrupção”, esclarece Diana, pós-doutoranda em Economia na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos."



No alto dos meus 42 anos e, desde que me entendo por gente, a educação, a saúde, o sistema carcerário e a segurança pública, sempre foram formas eficazes de se conseguir voto e verba para os Estados e Municípios.  

É claro que o problema da educação do Brasil passa por um pouco das duas situações. Precisamos sim aumentar o investimento em educação e nos EDUCADORES, e não ficar manipulando os números de forma a parecerem favoráveis como demonstra a reportagem, pois realidades diferentes denotam atitudes diferentes e, por conseguinte, investimentos diferentes. Por outro lado o Governo que tem criar dispositivos para garantir que a verba destinada à educação chegue até as escolas, e mais, que sejam empregadas em busca de uma educação de qualidade.


Para que isso possa acontecer, nós brasileiros, temos que nos espelhar na atitude dos nossos vizinhos do Chile, onde a população no dia das crianças saiu às ruas em apoio as manifestações dos estudantes em prol de uma educação de qualidade e gratuita.




Referencia:


Revista Vox Objetiva. Nº 28. Disponível em: http://www.voxobjetiva.com.br/materia_completa.php?id=429 . Acesso em: 30/11/2011.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Chile: um caminho em busca da qualidade na educação

O Chile é um pequeno país da América do sul com cerca de 16 milhões de habitantes, que se caracteriza por possuir um excelente nível de escolaridade e baixos níveis de evasão escolar e de repetência.
 “Segundo dados do Ministério da Educação (CHILE, 2009b), dois terços da população entre 25 e 34 anos (64%) completaram ao menos o ensino médio e cerca de três quartos dos jovens entre 15 e 19 anos (74%) estão cursando este mesmo nível de ensino.” (Britto, 2011, p. 4).
Muito embora, seus números referentes à educação representem um grau de superioridade frente à grande maioria dos países na América Latina, quando comparados com países como Inglaterra, França, USA, entre outros, percebemos que o Chile ainda se encontra muito distante em termos de qualidade na educação. 
Contudo, se fizermos uma retrospectiva da educação no Chile, logo perceberemos que ao longo dos anos vem se desenvolvendo políticas públicas em prol da melhoria da educação. È importante ressaltar que desde sua colonização, o ensino na América espanhola teve uma conotação diferente da América portuguesa. Provavelmente devido ao contexto em que se encontrava, “O Chile começou a desenvolver seu sistema de educação pública desde a independência no século XIX, muito antes, portanto, do que o Brasil.” (Campbell, 1959. Apud. Schwartzman, 2007, p.3).
Na década de 60 no século XX, durante o mandato de Eduardo Freire, foi desenvolvido um audacioso projeto de reformulação da educação, no qual se aumentava os anos de estudo obrigatórios e se reestruturava o sistema escolar chileno, chegando ao final da década com um ensino fundamental quase universal.
 Nos primeiros anos da década de 70, durante o governo de Salvador Allender, colocou-se em andamento o projeto Escuela Nacional Unificada, que se por um lado procurava melhorar e ampliar as reformas anteriores, por outro, trazia um conteúdo ideológico que incentivava o controle das instituições de educação pelos políticos e pelos sindicalistas, o que conferia à educação chilena uma importância revolucionaria.
Com o advento do golpe militar articulado por Augusto Pinochet, o sistema educacional foi modificado, e, o governo chileno, parou de suprir e controlar a qualidade da educação, abrindo espaço para que a iniciativa privada a assumisse. Assim, onde antes havia o direito à educação, passou a existir a livre escolha.
 Durante o governo Pinochet desmantelou-se a educação que até então era centralizada, dando lugar a um sistema municipalizado onde a verba era destinada conforme o número de alunos. Como forma de incentivo à privatização do ensino, aos alunos que queriam estudar em escolas privadas, o governo concedia um vale para a realização das matriculas, o que provocou o crescimento da educação privada no Chile. “Introduzido em 1981 este sistema, ao longo dos anos, estimulou a criação de mais de mil escolas privadas subsidiadas, aumentando a participação do ensino privado de 20% para 40% das matrículas.” (Schwartzman, 2007, p.4).
 Assim as escolas públicas municipais passaram, de certa maneira, a concorrer com as escalas da iniciativa privada pela manutenção dos alunos. Porém, com pouco resultado prático. As escolas técnicas de nível médio, por exemplo, antes geridas pelo governo central, tiveram cerca de 12,5% de suas unidades transferidas para o controle de empresários.
“Em março de 1990, às vésperas de deixar o poder, o governo militar edita a “Ley Orgánica Constitucional de la Enseñanza”, conhecida como LOCE, que permanece em vigor até 2007 quando o governo de Michelle Bachelet, em resposta às manifestações estudantis e de professores, inicia sua substituição.” (Schwartzman, 2007, p.5).

Mesmo com a mudança de governo e com o fim da ditadura, a LOCE permanece por mais dezesseis anos. O que se explica pelo fato de ser uma Lei constitucional e, pelo arranjo político acordado para a transição da ditadura para a democracia. Arranjo este, que não conferiu a Concertación uma maioria no plenário, o que impossibilitou a realização de mudanças na LOCE. Outro motivo importante para sua manutenção, apesar de ter sido editada durante a ditadura, é que a LOCE tinha certa coerência e trazia a perspectiva de alicerçar uma política de educação melhor que a anterior. Segundo Schwartzman os governos democráticos que se seguiram mantiveram um sistema universal de avaliação dos alunos em suas diversas disciplinas. Destarte, novas políticas de financiamento da educação foram surgindo, proporcionando um aumento substancial de verba e modificando o quadro do período Pinochet.
Dentre os fatores importantes para as mudanças que aconteceram neste período, não podemos nos esquecer dos professores, que “... foram a peça fundamental no conjunto de melhorias da qualidade do ensino por meio da retomada do crescimento sustentado dos gastos públicos com educação, aliado a uma mudança radical do status da profissão docente.” (Britto, 2011, p.7). Neste contexto promoveu-se melhorias de condições de trabalho, melhorias estruturais, na gestão, mudança no calendário escolar, aumento de salários e uma crescente preocupação com os indicadores de qualidade na educação.
Somente em 2006 as discussões sobre o ensino seriam retomadas no Chile, não antes de vários protestos de estudantes contra as reforma promovidas pelo governo da Concertacion. Estas manifestações estudantis ficaram conhecidas como a Revolta dos Pinguins. Passados três anos após o inicio das discussões, foi aprovada em 2009 a Ley General de Educación (LGE) para substituir a LOCE, porém, assegurou-se o papel de subsidiário do Estado e uma educação de qualidade para todos.
No momento atual, 2011, novamente temos noticias de manifestações em favor de uma educação de qualidade e gratuita para todos no Chile, retomando assim a história de um povo que aprendeu a valorizar a educação escolar como um fator de extrema importância para o crescimento pessoal e nacional. Aprendizado este, fruto de uma política de valorização da educação e do reconhecimento da importância do corpo docente como fator primordial para obtenção e promoção de uma educação de qualidade.
Percebemos que muitos brasileiros olham para as manifestações estudantis no Chile e vem apenas baderna, enquanto pessoas (brasileiros) que aprenderam a reconhecer o valor de uma educação de qualidade vêm uma luta pelos direitos de cidadão. 
Neste contexto, o Chile deixa um exemplo para toda a América latina no que diz respeito à consciência de que as reforma no campo da educação nacional tem que, obrigatoriamente, passar por toda a sociedade, e que, é preciso que se faça um pacto entre as diversas posições políticas, independente de qual seja sua ideologia. Outro aspecto, é que para se ter uma boa educação é preciso ter bons professores e bons salários, possibilitando desta forma, um maior investimento na formação do docente e consequentemente uma melhoria da qualidade no ensino.
Contudo é preciso destacar que as reformas adotadas pelo Chile na educação, não traz soluções prontas para as questões que cercam a educação na América Latina. Por outro lado, percebemos que apesar de possuir um dos melhores índices de educação da América Latina o Chile ainda tem um longo caminho a percorrer em busca de uma educação gratuita e de qualidade.




Referencias:

BRITTO, Ariana. Reformas educacionais no Chile: A Vez do Agente. 2011. Disponível em: www.proac.uff.br/cede/sites/default/files/TD55.pdf. em: 17/11/2011.

SCHWARTZMAN, Simon. Chile: Um Laboratório de Reformas Educacionais. Disponível em: www.schwartzman.org.br/simon/paperChile.pdf. em: 15/11/2011.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Internet e emburrecimento

 

 
imagereportagem recente da revista época pergunta se a "internet faz mal ao cérebro" e cita um número de estudiosos que aponta, entre os efeitos da rede, um aumento da distração, dispersão e um "emburrecimento" da população. entre os proponentes de tal avaliação do estado de coisas em rede está mark bauerlein, da emory university, autor de The Dumbest Generation: How the Digital Age Stupefies Young Americans and Jeopardizes Our Future(Or, Don’t Trust Anyone Under 30), publicado em 2008.
talvez o argumento central do livro seja que, apesar das oportunidades de educação, aprendizado, ação política e atividade cultural nunca terem sido tão grandes como agora, exatamente por causa da rede, os candidatos a aprendiz [os mais jovens, na perspectiva do autor e do texto] se conectam apenas entre si, para uma espécie de "socialização da imaturidade", ao invés se servirem do ambiente da web para conexão com pais, professores e outros adultos relevantes. segundo bauerlein, o resultado é que
…instead of using the Web to learn about the wide world, young people instead mostly use it to gossip about each other and follow pop culture, relentlessly keeping up with the ever-shifting lingua franca of being cool in school.
ao invés de usar a web para aprender sobre o grande mundo ao redor, os jovens usam a rede para fofocar uns sobre os outros e seguir a cultura pop, a todo tempo se mantendo atualizados com a sempre mutante língua franca que os torna "legais" na escola.
sei não. mas imagine que bauerlein esteja certo e os jovens estejam mesmo "emburrecendo" por causa da web e das redes sociais. bauerlein concorda que nunca se leu e escreveu tanto quanto hoje. segundo ele, o "problema" é que eles estão lendo e escrevendo as "coisas erradas": lá nos EUA a rede deveria estar sendo usada para ler mais shakespeare, milton, a grande literatura americana e discutir os problemas da sociedade e economia. mutatis mutandis, o adolescente local em rede deveria, ao fim do ensino médio –e só porque está na web, ter terminado grande sertão: veredas, de guimarães rosa, o romance d’a pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, de ariano suassuna e a história da matemática de carl boyer. de preferência, claro, em inglês.
tal expectativa é completamente infundada. não só para a web, mas para qualquer outra "tecnologia". imagine prover telas, pincéis e tintas a seja lá que grande grupo for e espere pra ver se acontece algum picasso ou léger em poucas semanas ou mesmo alguns anos. mesmo que haja um processo de educação e aculturação, de mudança de comportamento, um conjunto de movimentos que possa levar a graus de interesse e desenvolvimento de competências capazes de fazer nascer um chagall, isso nem sempre –ou quase nunca- acontece.

como se não bastasse, como os mais jovens se conectariam aos mais velhos –para aprender, ou aprender mais, se estes demoraram muito a chegar na rede, perderam o ponto de entrada [faceBook, tecnologia feita por jovens para jovens, era só para estudantes no princípio] e, por conseguinte, a linguagem? eons, a rede social para idosos, não é exatamente quem está ditando as regras e padrões de comportamento. e as empresas e escolas, instituições em geral, assustadas com a democracia das redes sociais, uma espécie de 1968 online, resolveram se esconder do "problema" e o fizeram por muito tempo. e estão muito atrasadas no aprendizado da nova "linguagem".
resultado? os jovens saíram na frente e estão à frente, onde vão continuar por muito tempo. e isso é muito bom, sejam quais forem as consequências.
no processo de introdução de novas tecnologias de amplo impacto social, há uma mudança radical no espaço-tempo, na forma, conteúdo, significado e entendimento do que é feito e criado, do que acontece ou deixa de. e leva anos, muitos talvez, para que o equivalente [na web ou nas redes sociais] à pintura acima ser reconhecido como a expressão de um gênio, mesmo que apenas no novo contexto cultural induzido pelas novas tecnologias. e ainda mais tempo para que seja, de fato, uma obra prima em qualquer contexto.
estamos vivendo uma reinvenção do contemporâneo. em modo beta.
a reportagem da época e os argumentos de bauerlein e outros precisam levar em conta uma mudança como a que estamos vivendo na rede tem impactos muito maiores do que percebemos de dentro do espaço-tempo da mudança. pela própria natureza da coisa, não conseguimos entender o que está acontecendo antes de chegarmos em alguns arranjos mais estáveis dentro do processo. ao mesmo tempo, tendemos a superestimar o impacto das tecnologias no curto prazo e subestimar o mesmo efeito no longo, aforismo conhecido como a lei de amara.
em um outro texto, bauerlein dá conta de uma outra mudança induzida por tecnologia que já começou a grassar nos estados unidos e que, em breve, vai rolar pelo resto do mundo: as escolas de indiana, entre outros estados, vão deixar de insistir na escrita cursiva [caligrafia já dançou há tempos] e partir para o teclado e o toque. bauerlein cita estudos que parecem garantir que construir as letras à mão [o cursivo] ajuda no processo de leitura e escrita. pode ser. mas como insistir que as crianças aprendam a ler e escrever de forma cursiva se, logo depois, esta "tecnologia" é descartada?
estamos numa encruzilhada. os velhos métodos já não funcionam mais, pois o mundo aqui fora da da escola "passou" por ela. ao mesmo tempo, ainda não conseguimos entender o suficiente do presente para formatar os métodos e processos, juntamente com as tecnologias, que vão servir de base para aprender, no presente, o que vai ser essencial para o futuro.
talvez não reste nenhuma outra alternativa a não ser tentar, errar e aprender. agora, enquanto o futuro ainda é recente. caso contrário, é olhar para o que o futuro parecia ser, no passado. a imagem abaixo, de 1910, tentava prever o que seriam as salas de aula do futuro, no ano 2000. vai ver que elas não são nem isso. e aí não é de assustar que os alunos, os "jovens", prefiram redes sociais e games. aqui pra nós, se eu fosse eles, estaria lá também. e estou.
image
PS: lá em 1968, nelson rodrigues [um dos mais competentes e deliciosos reacionários de todos os tempos] escrevia uma crônica [em maio... "eis o fato novo na vida brasileira: –o culto da imaturidade"] onde desancava o "novo" teatro, os "jovens" diretores da época [como zé celso] e sua visão de mundo e da encenação, botava a plateia no rolo e dizia que, naqueles tempos, o tempo exigia das pessoas plena imaturidade, que "neste final de século, a imaturidade é a musa perfeita, sereníssima, universal" e que, por fim "a inteligência está liquidando o teatro brasileiro". vai ver, o grande recifense teria razão hoje: a inteligência [juvenil] está liquidando a internet… 

(Prof. Silvio Meira)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Educação Feminina na Capitania das Minas Gerais no Século XVIII

Quando pensamos em educação feminina na Capitania das Minas Gerais no século XVIII, podemos falar em duas formas de educação, a escolar e a não escolar. Para falar da educação escolar devemos citar os dois recolhimentos que foram fundados no século XVIII, na Capitania de Minas, sendo o principal e mais renomado o de Nossa Senhora da Conceição de Monte Alegre de Macaúbas (fundado em 1716), considerado o melhor educandário para as mulheres da elite da Capitania. Em Macaúbas, segundo Villata (2007), a pratica de ensino se limitava as primeiras letras, à doutrina cristã, aos trabalhos de agulha e cantochão. Havia outro recolhimento que ficava em Minas Nova, em uma propriedade rural pertencente a uma da suas recolhidas, dedicado a Santa Ana, que chama-se Casa das Lágrimas, e se fez conhecer por sua pobreza. A pesar das diferenças, os dois funcionavam de maneira informal. Nestas duas casas se resumia toda a expectativa de educação escolar para mulheres, na Capitania de Minas Gerais, uma vez que as atenções educacionais, neste período, se voltavam quase que exclusivamente para os homens.

Apesar das proibições da Coroa, a sociedade mineira preocupou-se em criar estes dois recolhimentos, onde se destinava as meninas até adquirirem idade para o casamento, àquelas que entrariam para a congregação religiosa, as viúvas e mulheres casadas procurando proteção e outras que o recolhimento era imposto pelos maridos por se comportarem mal ou por adultério.
“Na falta de instituições adequadas a esse fim, os conventos e recolhimentos da colônia supriam as necessidades da comunidade local, abrigando, na clausura, jovens à espera do momento adequado para tomarem estado, de acordo com o desejo de seus pais.” (Algranti, 1999).

Estas instituições com os seus muros deveriam funcionar como uma barreira para o mundo exterior. A educação que se esperava obter através dos recolhimentos, era a preparação de suas inclusas para uma vida virtuosa. Assim, puras, intocadas e bem preparadas para desempenhar suas funções domesticas, elas se encontravam prontas para escolher entre as duas opções que a sociedade naquele momento permitia, o casamento honrado ou a vida religiosa. Foi em busca desta educação virtuosa e na expectativa que suas filhas se mantivessem puras, que Chica da Silva internou suas nove filhas em Macaúbas.

No intuito de compreendermos melhor em que situação se encontrava o ensino feminino neste período na America portuguesa, e em especial na Capitania de Minas Gerais, é preciso lembrar que mesmo em Portugal não existia um grande interesse em relação à educação feminina no século XVIII. Nesta perspectiva Lage (s/d), nos mostra que as raparigas só passaram a freqüentar as aulas no final do século XVIII, porém, o que vai prevalecer é uma educação moral e religiosa, ou seja, voltada para os deveres de mãe, que desempenharia a função de educar seus filhos. Como também relata Lopes (2000) em seu livro, onde segundo ela, a educação feminina ministrada na América portuguesa apontava para a desvalorização da instrução feminina, fruto de uma cultura ibérica, impregnada de valores árabes, que acreditavam que a mulher era inferior ao homem e, portanto não precisava aprender a ler e escrever e sim os afazeres domésticos.

Sendo assim a educação que as recolhidas recebiam dentro destas casas, na Capitania de Minas, baseava-se nos valores cristãos e alguns princípios como costurar e fazer renda, que lhes permitissem serem boas esposas e mães dedicadas. “se não havia interesse com a educação feminina na Corte, menos interesse em suas Colônias” (Lage, s/d).

Quando falamos dos ofícios manuais, como costura, bordado e tecelagem, encontramos relatos e documentos de que este aprendizado poderia ocorrer no âmbito domiciliar, onde as relações familiares propiciavam o aprendizado desses saberes, que poderiam acontecer também pela mediação das mestras de costura, que além de ensinar o ofício, deveriam manter as órfãs em um ambiente honesto e recatado. Quando era este o caso, as órfãs deixavam a convivência familiar e eram entregues as mestras a fim de aprimorarem o exercício do ofício. Muitas vezes o aprendizado de um ofício com uma mestra, requeria um afastamento não apenas domiciliar, mas, ocasionalmente, exigia uma mudança para localidades vizinhas, como segundo Oliveira (2008) aconteceu com Bibiana.
Seu pai Manoel Oliveira... morador na Vila de Sabará,... declarou em testamento que teve duas filhas com uma parda chamada Feliciana Maria do Carmo. Após a morte de Manoel, Damazo Francisco de Oliveira, assumiu a tutoria das duas órfãs, Biniana e Maria. Na prestação de contas ao juiz, declarou (...) não teve duvidas em ceder às rogativas que lhe fazia Feliciana Maria do Carmo, mãe das ditas órfãs... A mãe das meninas entregou Bibiana a Maria Martins, moradora em Santa Luzia, “pára aperfeiçoar no exercício de tecer, em cuja casa se conserva com todo honestidade”... Maria permaneceu em sua companhia... “com toda honestidade.” ”(Oliveira, 2008).

Assim percebemos que a introdução das mulheres na educação não escolar, não acontecia somente no ambiente domestico, ocorria também fora da família. É importante lembrar que a família no século XVIII, ainda não é necessariamente a família cristã, uma vez que a família neste período engloba varias pessoas, como concubinas e filhos ilegítimos, formando uma organização que transcende a ideia da família tradicional. O que segundo Oliveira (2008) não diminuía o zelo na criação e na educação moral dos órfãos e órfãs. Os tutores tinham uma grande preocupação em relatar aos juízes de Órfãos que aqueles que lhe cabiam a tutela eram bem criados e alimentos com amor e caridade, e no caso das Órfãs havia o cuidado de afirmar que viviam com honra e honestidade.

A preocupação em preservar a honra das órfãs levava aos tutores a ter o cuidado de não apenas criá-las e possibilitá-las a aprendizagem de um ofício, havia ainda por parte dos tutores uma grande preocupação com a educação voltada para religião. Através dos inventários esta situação se evidencia quando os tutores requerem os rendimentos das órfãs para oferecer vestuário adequado afim de que elas participassem de ritos religiosos como as celebrações das missas.
“Em 1787, António da Rocha, disse que sua tutelada, a órfã Josefa, filha do falecido José Francisco Pascoal, vivia em companhia da mãe, Joana Pereira, que desde a morte do inventariado vinha sustentando e vestindo a menina conforme suas posses. No entanto, a menina agora se acha precisando de roupas para ouvir missas nos dias de preceito...” (Oliveira, 2008).

Conforme Oliveira (2008), nas declaração emitidas pelos Juízes de Órfãos é explicita a aprovação para esse forma de ocupação e aprendizagem, entretanto, não se encontrou nenhum documento no qual o juiz exigisse uma educação letrada para as órfãs.

Neste contexto, percebemos que a grande preocupação ao que se refere à educação feminina no século XVIII, se restringiu em cuidar que as meninas abastardas fossem devidamente preparadas para se tornarem boas esposas e excelentes mães de família. Já as meninas de famílias com menos posses, ou órfãs, eram encaminhadas as mestras para aprenderem ou aperfeiçoarem o ofício da costura. Sendo que em nenhum dos dois casos encontramos indícios de preocupação com o ensino da escrita ou da leitura..




Referências:

ALGRANTI, Leila Menzan. HONRADAS E DEVOTAS: Mulheres da Colônia – condição feminina nos conventos e recolhimentos do Sudeste do Brasil, 1750-1822. 2ª. Ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

FONSECA, Thais Nivia de Lima. SEGUNDO A QUALIDFADE DE SUAS PESSOAS E FAZENDAS: Estratégias educativas na sociedade mineira colonial. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752006000100010&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 15‎ de ‎março‎ de ‎2010.

LAGE, Ana Cristina Pereira. RELAÇÕES POLÍTICO RELIGIOSAS NOS RECOLHIMENTOPS FEMININOS DE MINAS GERAIS NOS SÉCULOS XVIII E INÍCIO DO XIX.

LOPES, Eliane Marta Teixeira Lopes; FILHO, Luciano Mendes Faria; VEIGA e Cynthia Greive (orgs). 500 ANOS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL. Ed. Autentica. Belo Horizonte – 2000. In: RIBEIRO, Arilda Miranda Ribeiro.

OLIVEIRA, Cláudia Fernanda. EDUCAÇÃO FEMININA NA COMARCA DO RIO DAS VELHAS (1750/1800): A construção de um padrão ideal de ser mulher e sua inserção na sociedade colonial mineira. UFMG. Belo Horizonte – 2008. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/FAEC-83VMJS/1/diserta o claudia fernanda de oliveira.pdf. Acesso em: ‎22‎ de ‎março‎ de ‎2010.

RESENDE, Maria Efigênia Lage; VILLATA, Luis Carlos (orgs). HISTÓRIA DE MINAS GERAIS: As minas setecentistas Vol. 2. Ed. Autentica. Belo Horizonte – 2007.

VILLALTA, Luiz Carlos. TERMO DE MARIANA: História e documentação. Ed. UFOP. Ouro Preto – 1998.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Nova modalidade de leitura?

E ainda há quem pergunte por que não temos investimentos direcionados para qualidade na educação!

sábado, 20 de agosto de 2011

Mágica ou tecnologia ?


A mágica não é boa, mas, percebemos que com muita tecnologia e criatividade, qualquer um pode tentar fazer alguns truques de mágica.

domingo, 14 de agosto de 2011

Os livros do futuro.

Este vídeo nos evidência, uma, das inúmeras tecnologias que buscarão substituir o livro como suporte para leitura. Apesar de estar em inglês, mesmo quem não domina este idioma, conseguirá captar é entender a sua proposta.

http://www.ted.com/talks/mike_matas.html

sábado, 13 de agosto de 2011

CLAREAR PARA DESENVOLVER




Mercado de escravos Século XIX - Rugendas



No Brasil o racismo está diretamente ligado a escravidão. O projeto missionário da Igreja Católica, a necessidade de mão-de-obra e a concessão de posse do negro foram importantes para a legitimação da escravidão. Somente depois da assinatura da Lei Áurea em1888, que o problema em relação à raça e o desenvolvimento do país atraíram o interesse da elite, e o discurso racista ganha força apoiando-se na teoria de que o negro era inferior.
Porém, no período colonial brasileiro não há uma organização legal ou ideológica de discriminação racial, o que não impede que haja ideias negativas em relação ao negro em comparação ao branco. Após a abolição da escravidão, a ideia de inferioridade se fortaleceu apoiando no chamado “racismo científico”. Assim após 1870 a elite brasileira abraça essa ideia, chegando a ter sua maior aceitação entre 1880 e 1920.
Em 1889 com a proclamação da república, o conceito de raça ganha força e junto com ele as desigualdades que agora não poderiam mais ser justificadas pelo direito de posse, pela história, religião ou cultura. Então o que separaria as raças eram as diferenças naturais entre brancos e negros. Diferenças que tinham que ser combatidas, uma vez que só um país branco poderia obter o progresso. Desta forma cria-se um clima de preconceito na qual:
·         A presença do negro em locais públicos é mal vista.
·         Aumenta as formas de discriminação.
·         Cresce o estímulo à imigração de europeus.
As diferenças que caracterizavam a população brasileira passaram a ser importantes para mediar o crescimento nacional. Baseando-se em pensamentos “científicos” sobre as questões raciais que apareceram após as primeiras décadas do século XIX na Europa, porém, com outra interpretação, originou-se à ideia de uma hierarquia racial, passando-se então, a acreditar que uma sociedade com muitas raças, era sinônimo de muitos problemas, o que fortalece o pensamento de que através da mestiçagem conseguiria o predomínio da raça branca. Assim, como forma de dar credibilidade ao pensamento de superioridade do branco e na tentativa de pouco a pouco acabar com os negros que eram vistos como um fator negativo para o crescimento do país, apareceu a ideia do branqueamento como meta nacional. Contudo, na teoria do branqueamento havia um olhar otimista em relação à mestiçagem e ao mulato, devido a seu grande número, sua circularidade pela sociedade da época e a possibilidade de continuar seu caminho rumo ao ideal de ser branco.
O ideal de uma construção de igualdade e unidade social não existia no Brasil ao iniciar o período republicano. O que durante um logo período predominou foi à teoria do branqueamento, uma vez que acreditava-se que para conseguir progresso era necessário mais que desenvolvimento econômico e instituições modernas. O pensamento de clareamento da raça foi uma constante no cenário político brasileiro até as décadas finais do século XIX, o que contribuiu para o aumento das desigualdades sociais e dificultou a integração da população Afro-descendente. A busca da modernidade nacional estava ligada ao projeto de clareamento progressivo racial, o que abriu o país aos imigrantes europeus com a finalidade de acelerar o processo de clareamento e de modernização do Brasil.
Entre 1920 e 1930, mesmo com enfraquecimento da “teoria das raças” o branqueamento ganha força, já que para as elites, o Brasil parecia cada ver mais branco, trazendo a ideia de que o problema racial estivesse cada vez mais próximo de uma solução.
 
 
REFERENCIA
JACCOUD, Luciana. Racismo e República: O debate Sobre o Branqueamento e a Discriminação Racial no Brasil. In: THEODORO, Mário. (Org). Brasília, Ipea, 2008, 176p.

sábado, 30 de julho de 2011

BEIÇO NO MUNDO

Ruy Castro em sua coluna diária no jornal Folha de S.Paulo, no dia 29/07/11, fez comentários sobre a situação EUA. Eu devo dizer, que ao ler sua coluna me surpreendi ao ver meus pensamentos impressos de forma clara e objetiva e, como não podia deixar de ser, resolvi transcreva-la aqui.


A velha Hollywood (1915-1965) nos ensinou que tudo nos EUA era maior, melhor, mais limpo, justo, ético, honesto, adulto, moderno, eficiente e perfeito do que os outros países. Também pudera – os americanos eram o povo mais bonito, forte, corajoso, engenhoso e talentoso do mundo. Onde mais as pessoas saíam cantando e dançando pelas ruas com naturalidade e ao som de uma enorme orquestra invisível?
E quem cavalgaria melhor e tinha os cavalos mais velozes? O cowboy americano. Não havia índio ou mexicano que o capturasse, exceto à traição, coisa que, alias, eles viviam fazendo (e o cowboy americano era incapaz). O mesmo se aplicava ao soldado americano em relação aos alemães e japoneses – quem era o mais heróico, o mais desprendido, o mais inteligente? E a Marinha americana? Quem tinha porta-aviões mais imponentes? Quem usava camisas de manga curta mais brancas? E quem mais tinha milhares de marinheiros que sabiam sapatear?
Nos filmes, víamos maravilhas que faziam parte do dia a dia dos americanos e de ninguém mais: cerveja em lata, barbeadores elétricos, cortadores de grama, trevo rodoviários (filmados de avião), edifícios de 90 andares e naves que iam à lua e voltavam. E quem seria mais poderoso que o governo dos EUA, capaz de movimentar estruturas gigantescas para plantar um exército inteiro em território inimigo a 15 mil km e resgatar um espião a minutos de ser descoberto?
Todas essas eram benesses do poder e da riqueza. De repente, fico sabendo que o dinheiro no caixa do Tesouro americano vai acabar na terça-feira e que a Casa Branca, com uma divida de US$ 14,3 trilhões, ameaça dar o beiço no mundo.
Inacreditável. Como pode o governo americano quebrar? Se acontecer, quem vai pagar a conta da lavanderia que mantinha as camisas brancas?  (Ruy Castro)


Só gostaria de fazer um adendo a estas palavras, onde se lê americano, eu escreveria norte americano. Pois o EUA tirou tanto de nós, por tanto tempo, que já passou da hora de restabelecer a verdade. Nós, habitantes da América, sejamos do sul, do norte ou do centro, também somos Americanos e, ao EUA, resta apenas o “privilegio” de ser norte americano.
E fechem as cortinas, que o espetáculo acabou!!!




terça-feira, 26 de julho de 2011

Sacolas plásticas

Desde que foi implantada a lei proibindo o uso das sacolas plásticas em Belo horizonte, venho me perguntando até que ponto essa lei seria boa, no sentido de preservar o meio ambiente ou não. Devo dizer que nunca fui muito adepto há sua implantação e, cheguei até, me questionar várias vezes se eu não estaria sendo comodista e egoísta.
Mas passados alguns dias, comecei a ouvir nas rádios propagandas contra há lei que proíbe o uso das sacolas plásticas, o que para mim foi um alívio, pelo menos eu não era o único a pensar que por de traz desta lei haviam outros interesses que nem de longe passava pela ideia de preservar a natureza.
Hoje folheando o jornal A Folha de S.Paulo, me deparei com uma matéria assinada por Miguel Bahiense com o titulo: “Sacolas plásticas: em vez de banir, educar.” Nesta matéria Bahiense aborda o tema mostrando que o problema não é a sacola plástica e sim como ela é utilizada e descartada, ou seja, o problema é de educação!
Bahiense continua relatando o exemplo de Blumenau – SC que lançou um projeto para educar os consumidores através das escolas públicas municipais e estaduais e dos próprios vendedores do comercio local.  Assim, segundo Bahiense, 1200 professores estaduais e 2200 professores municipais de Blumenau – SC estariam sendo treinados para instruir seus alunos, através de cartilhas, sobre o uso correto das sacolas plásticas.
Acredito que já passou, no Brasil, o momento de deixarmos que o bem de muitos seja deixado de lado pelo bem econômico e financeiro de poucos. E mais do que isso, é preciso que nós, enquanto povo, paremos de nos deixar levar por aquilo que é mais fácil, prático e cômodo para nós e para o governo. É preciso que comecemos a pensar qual a melhor solução para o nosso futuro e comecemos a cobrar de nosso governantes soluções verdadeiras para os problemas do país, ainda que essas soluções sejam há longo prazo e difíceis de serem realizadas. Chega de remendos!
Baseando-me na minha própria casa, percebo que a única mudança em termos de consumo de sacolas plástica que ocorreu, foi à substituição das mesmas que eram usadas, depois de retidas as compras, nas lixeiras da cozinha e dos banheiros, pelos sacos plásticos que vêm do sacolão ou pelos sacos de lixos plásticos que compramos com a mesma finalidade. Ou seja, a única mudança que houve, foi em benefício dos super mercados, que passaram a economizar por não gastarem com a compra de sacolas para embalar as mercadorias dos consumidores, que têm que lembrar de carregar aquelas sacolas grandes e desajeitadas para os super mercados, sob pena de ter que sair com as compras nas mãos ou pagar dezenove centavos na compra de uma sacola plástica biodegradável.
CHEGA DE DEMAGOGIA!!!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pesquisadores criam atlas do Brasil colonial na internet



Depois de concluir o doutorado, em 2009, Gil abraçou a tarefa de colocar o território do Brasil dos tempos coloniais na internet. Reuniu 11 professores e bolsistas da UnB e foi atrás de todos os mapas de época digitalizados. A equipe conseguiu arquivos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, do Exército e de coleções particulares. Ao todo, são mais de 2 mil documentos que mostram a geografia brasileira nos anos que seguiram a chegada de Pedro Álvares Cabral.

Com os mapas prontos, os dados são passados ao programa i3Geo, um software livre criado no Ministério do Meio Ambiente para o georreferenciamento do território brasileiro. “As coordenadas geradas no serviço do Google se transformam em tabelas numéricas. Com elas, o i3Geo refaz o desenho na tela do computador conforme a solicitação do internauta”, detalha Tiago Gil. O programa funciona tal qual o Google Maps, mas com a vantagem de permitir a criação de camadas temáticas, que se apresentam de forma temporal. Assim, a união de mapas do mesmo lugar em diferentes períodos permite a análise da evolução das cidades, entre outras variáveis.

Além disso, o atlas digital pode ser alimentado por outros estudiosos da época colonial, em uma espécie de Wikipedia histórica. “A nossa ideia é lançar o produto com informações mínimas, como a localização das vilas e dos povoados. Depois, outras pessoas poderão, continuamente, completar esse material”, reforça o professor. Uma pessoa que tenha analisado a produção de milho em Minas Gerais no século 18, por exemplo, pode incluir no mapa daquela região o detalhe espacial sobre o plantio do cereal.



Referencia
Trechos retirados da reportagem da jornalista Carolina Vicentin - Correio Braziliense, Publicação: 06/07/2011. Disponibilizado em: http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2011/07/06/interna_tecnologia,238062/pesquisadores-criam-atlas-do-brasil-colonial-na-internet.shtml em: 06/07/2011.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A mesma sala em 1934 e em 2011, o que mudou na forma de ensinar?


Sala de aula do Colégio Dante Alighieri em 1934 e em 2011 Disponíbel em: ttp://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/veja+o+antes+e+depois+do+colegio+dante+alighieri/n1597049348730.html acesso em: 29/11/2011.

sábado, 11 de junho de 2011

História da “Consciência Histórica” Ocidental Contemporânea - Hegel, Nietzsche, Ricoeur

Vai ai uma dica de livro!!!
O novo livro do Prof. José Carlos Reis, no qual ele analisa as relações entre História e Filosofia trabalhando com Três grandes filósofos, Hegel, Nietzsche e Ricoeur. Leiam a baixo a sinopse da livraria autêntica.

A relação entre história e filosofia é conturbada. Os historiadores nunca apreciaram a companhia dos filósofos, por creditarem à filosofia um caráter especulativo, abstrato. De fato, o historiador deve insistir na concretude dos fatos, nos anais e no caráter investigativo da historiografia. Entretanto, a distância absoluta deste com relação à filosofia é equivocada, porque os historiadores que ignoram os estudos filosóficos deixam de compreender sua própria atividade. E é exatamente isso que José Carlos Reis discute nesta obra. Para o autor, as diferenças entre as duas disciplinas são grandes, mas não há antagonismo entre elas, muito pelo contrário. Ele entende que sem qualquer consideração filosófica a história é simplória, da mesma forma que sem qualquer perspectiva histórica a filosofia perde sua consistência.
Este livro pretende refletir sobre esse mal-entendido entre a filosofia e a história a partir de uma primorosa abordagem de obras de filósofos sobre a história, fundamental para historiadores contemporâneos compreenderem a importância dos estudos filosóficos em sua prática; afinal, suas pesquisas sempre foram realizadas de acordo com os quadros conceituais construídos por Hegel, Nietzsche e Ricoeur.

Vale a pena comprar, eu recomendo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

À Luz da Memória e do Documento

                
A humanidade vive um momento em que a informação é o bem mais precioso que uma pessoa pode possuir. E não precisamos nos esforçar muito para percebermos esta realidade, basta navegar pela internet para constatar-la. Entretanto, não é de hoje que a informação vem fazendo a diferença no cotidiano da humanidade. Se passearmos rapidamente pela história, poderemos evidenciar o quanto a informação adquirida juntamente com o conhecimento e a tecnologia tem sido importante na evolução da humanidade no decorrer dos séculos.
Em relatos e evidencias sobre o homem mais antigo que se têm conhecimento, já nos é possível perceber uma capacidade de adquirir e reter conhecimentos. Podemos ainda inferir que a aquisição destes conhecimentos na maioria das vezes, é motivada pelos obstáculos que se lhe apresentam e pela sua necessidade de superá-los. Destarte, o homem através do acumulo de conhecimentos adquiridos, motivado pelos percalços a serem superados e por sua capacidade de raciocínio é estimulado a produzir tecnologia. Temos assim, um quadro que vêm se perpetuando durante milhares de anos e, ainda presente em nossos dias, ou seja, conhecimento gera tecnologia que, por sua vez, resulta em informação. O resultado deste processo transforma o cotidiano das pessoas, facilitando a produção de mais conhecimentos que, cedo ou tarde, culminará em uma nova tecnologia que outra vez produzirá informação possibilitando a assimilação de novos conhecimentos que tendem a resultar em novas tecnologias, e assim, gerar mais informação, tornando-se um circulo vicioso. 
Neste longo caminho que a humanidade vem percorrendo, desde o primeiro registro encontrado sobre o ser humano até aos nossos dias, podemos observar que dentre os inúmeros conhecimentos adquiridos, tecnologias e informações produzidas, alguns foram essenciais para o desenvolvimento da humanidade tal qual a conhecemos hoje. Ademais poderíamos citar aspectos triviais do nosso cotidiano como o dialeto que possibilitou a comunicação entre os indivíduos e facilitou à aquisição e propagação de conhecimentos, a escrita criada na mesopotâmia, que nos trouxe a possibilidade de registrar estes conhecimentos e transmiti-los através do tempo, a prensa com tipos móveis e muitas outras tecnologias que já estão intrinsecamente ligadas ao cotidiano contemporâneo.
Entretanto, só nos é possível conhecer um pouco dos fatos que vêem acontecendo no cotidiano da humanidade no decorrer dos séculos, graças à memória e aos documentos que de uma forma ou de outra foram preservados. Neste contexto, nos é possível inferir que no principio da humanidade já havia, de alguma forma, a preocupação de preservar a memória daquele cotidiano, ainda que inconsciente.  Se não, como explicar as pinturas rupestres, a escrita na pedra, o quipu e todas as outras formas de expressão encontradas no mundo todo e, em diversas civilizações?
Porém, para que possamos nos aproximar do verossímil, precisamos observar algumas técnicas no trato do documento e da memória. Além disso, a ideia de documento no que concerne ao historiador, sofreu mudanças significativas com o passar dos anos como podemos perceber quando Lopez cita Jacques Le Goff:
A história nova ampliou o campo do documento histórico; ela substituiu a história de Langlois e Seignobos, fundada essencialmente nos textos, por uma história baseada numa multiplicidade de documentos: escritos de todos os tipos, documentos figurados, produtos de escavações arqueológicas, documentos orais, etc. Uma estatística, uma curva de preços, uma fotografia, um filme, ou, para um passado mais distante, um pólen fóssil, uma ferramenta, um ex-voto são, para a história, nova, documentos de primeira ordem. (p19).
        
Assim para tentarmos reproduzir os fatos acontecidos com a maior proximidade que nos é possível, precisamos problematizar o objeto de estudo, questionar quando o documento que utilizaremos foi criado, por quem foi criado, por qual motivo foi criado, e mais, quais acontecimentos permeavam a sociedade local e mundial naquele momento que poderiam de alguma forma influenciar na elaboração do documento em questão.
É preciso lembrar que, para o historiador do século XXI, a facilidade de obter informações, dado a sua grande difusão através das tecnologias da informação, em especial a internet, pode-se configurar em uma ameaça ao invés de auxilio. Destarte, um fator essencial e que deve ser observado com rigor é a fonte de onde extraímos nosso documento. Neste sentido cabe a nós enquanto pesquisadores, nos mantermos atualizados em relação as nova tecnologia que surgem e se renovam todos os dias neste mundo globalizado, afim de que saibamos discernir de onde podemos ou não extrair informações confiáveis. Pois só observando estes cuidados poderemos realizar um trabalho serio e com bases solidas.
Referencia
LOPEZ, André Porto Ancona. DOCUMENTO E HISTÓRIA. In MALERBA, Jurandir (org). A VELHA HISTÓRIA: Teoria, Método e Historiografia. São Paulo: Ed. Papirus. 1996. p. 15-36.

domingo, 5 de junho de 2011

O Retrato do Brasil

http://www.museuhistoriconacional.com.br/
Foto: Vila da felicidade. Manaus. AM, 2003

O TRÁFICO NEGREIRO

Gravura do século XIX disponível em:http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2645,1.shl



O maior contato dos europeus com a África, iniciado no século XV, revelou há existência de um grande número de habitantes e uma imensa diversidade cultural. Entretanto, os europeus não conseguiram enxergar nesses povos e em suas culturas, traços de civilização e, enquanto europeus, não levaram em consideração que aqueles povos tinham uma cultura diferente. Assim os povos africanos entraram para história como bárbaros que podiam ser escravizados, ocupando o lugar na história que lhe foi atribuído pelo trafico de escravos.

Com o descobrimento da América pelos espanhóis, criou-se uma grande necessidade de mão-de-obra que a principio foi suprida pelos próprios habitantes da América. Entretanto, a própria Coroa espanhola influenciada pela Igreja e pelos protestos de Las Casas, proibiu o uso dos habitantes locais na condição de escravo, salvo no caso de guerra justa e, não podemos nos esquecer da ecomiendas. Com a escassez de trabalhadores e o recrudescimento das plantações de cana-de-açúcar, café, tabaco e algodão e, com a exploração das minas de ouro e prata, à Espanha não restou alternativa senão recorrer ao uso de mão-de-obra africana.

Destarte, se a Espanha tinha necessidade crescente de mão-de-obra, Portugal, há tinha em demasia. Isso óbvio, se pensarmos na mão-de-obra africana que era garantida a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas, no qual a África “pertencia” aos portugueses. Assim durante um bom tempo os ibéricos detiveram o monopólio do tráfico negreiro que posteriormente se alastrou a país como Inglaterra, França e Holanda.

O Tráfico negreiro foi, e, ainda é, em muitas ocasiões, explicado como uma simples atividade de lucro e obtenção de mão-de-obra, o que talvez, em certo sentido, tenha acontecido mesmo. Entretanto, há vários outros aspectos do tráfico negreiro que merecem nossa atenção, como os relatados por Jaime Rodrigues que em seu livro faz uma abordagem do tráfico sobre o ponto de vista do negro, dando assim, foz aqueles que foram silenciados pela violência.

Um aspecto muito explorado é o impacto do trafico sobre as sociedades europeias e americanas, e como esta mão-de-obra foi crucial para exploração e desenvolvimento das terras “descobertas”. Entretanto, pouco se fala sobre os impactos do tráfico negreiro na África e seus habitantes. Um continente que tinha tudo para ser um dos que mais avançaria demograficamente, vê seu crescimento comprometido pelo tráfico, ao ponto de entre 1500 e 1870 registrar a menor taxa de crescimento demográfico entre todos os continentes.

Economicamente o tráfico negreiro não trouxe nenhum crescimento para os africanos. Todo lucro gerado com a compra e venda dos escravos eram empregados no próprio comercio e tráfico negreiro. Por outro lado, para os europeus a única função da África era fornecer escravos e, a política colonial, impedia qualquer empreendimento comercial que competisse diretamente com o comercio europeu, o que prejudicou muito o desenvolvimento africano.

Em 1831 com a proibição do tráfico negreiro para o Brasil, têm inicio há um período de clandestinidade dos navios negreiros e, devido a esta proibição, torna-se necessário algumas medidas para burlar a lei como, ensino de algumas palavras em português aos africanos, pois, o não conhecimento da língua portuguesa pelos escravos aprisionados, configuraria em tráfico, o que era proibido. Outra medida tomada foi à utilização de embarcações menores, mais velozes e, a partir do século XIX, os traficantes de escravos começaram a utilizar navios a vapor no intuito de facilitar, caso fosse necessário, a fuga do patrulhamento dos ingleses e brasileiros.

Com um pouco de pesquisa sobre o tráfico negreiro podemos perceber que sua prática foi  extremamente negativa para África, social, demográfica, economicamente. Por isso, quando pensarmos e falarmos sobre o tráfico negreiro é preciso que saibamos que a escravidão já existia na África muito antes dos europeus chegarem sim. Porém, diferentemente do que até pouco tempo era amplamente divulgado, precisamos saber também que esta escravidão na sociedade africana tradicional, não tinha fins comerciais e nem o escravo era considerado uma mercadoria, mais que isso, normalmente sua condição de escravo era passageira. A escravidão, ou melhor dizendo, a escravatura africana tinha como finalidade trazer prestigio e poder em uma proporção direta com o numero de dependentes que podia ser mantido pelo seu senhor. Portanto, se alguns soberanos africanos começaram a guerrear como forma de criar um contingente de escravos com a finalidade de vendê-los ao tráfico, foi devido à influência dos europeus, que para realizar seus objetivos faziam o que fosse preciso, não se importando com a condição do outro.

Destarte, se quisermos entender um pouco melhor as questões que permearam o tráfico negreiro, é preciso buscar uma visão multiforme alicerçada através dos vários atores que fizeram parte deste mercado exportador de mão-de-obra, seja como comerciante ou comercializado. Contudo, devido a pouca importância que até recentemente era atribuída, à história da África, ainda temos muito que aprofundar nas pesquisas sobre o tráfico negreiro para que possamos compreender melhor e tentar traçar uma história que se aproxime do verossímil.


REFERENCIA


GOLDSTEIN, Ilana. A REDE SOCIAL DO TRÁFICO
NEGREIRO. In Dossiê – Memória da Escravidão. Disponível em:
http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2645,1.shl – acesso: 20/05/2011

M’BOKOLO, Elikia. ÁFRICA NEGRA: História e
Civilizações – Toomo I (até o século XVIII). Ed: Edufba – 2009.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Educação dever de todos!

Create your own video slideshow at animoto.com.

Inclusão Digital


A inclusão digital no Brasil, ainda é algo que têm que ser muito trabalhada, começando pelo ambiente escolar. Os professores têm que deixar de lado o medo de lhe dar com o novo, abrir a sala de informática de suas escolas e possibilitar o seu acesso aos alunos.