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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Especialista em Docência do Ensino Superior pela Fibh e graduado em História pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Atualmente é professor do ensino médio. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da tecnologia na educação.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Educação brasileira

A Revista Vox Objetiva em sua edição de nº 28 trouxe uma reportagem de Lucas Alvarenga sobre a educação no Brasil intitulada: Passando a Limpo. Vejamos alguns trechos dela.

“... entre 2005 e 2009, o Brasil ampliou em 72% o investimento público por aluno no ensino básico? Pesquisadores brasileiros apresentam leituras diferentes para o mesmo tema e garantem: os fatos, observados isoladamente, não explicam a educação no país.

Tanto, que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil dá mostras de que a educação está entre suas prioridades. Afinal, o número de pessoas que não havia completado o ensino médio no país caiu de 63% em 2007 para 59% em 2010. Além disso, o país registrou, no mesmo período, a maior elevação na quantia de recursos destinados por aluno da educação infantil e do ensino médio, 121%. Sinais de evolução que esbarram, porém, em outros números nada animadores.

No exame internacional Pisa de 2006, o Brasil ficou em 54º lugar entre os 57 países avaliados em matemática e em 49º entre 56 países na avaliação sobre capacidade de leitura. Já no Enem 2010, o panorama foi ainda mais desolador. Entre as instituições de ensino que tiveram desempenho inferior à média nacional na prova objetiva (511,21 pontos), 96% eram públicas. Ao todo, 63% das escolas participantes ficaram abaixo da média, segundo o Ministério da Educação (MEC). E na ponta da tabela, apenas uma escola pública entre as 20 melhores do país.

Mesmo com R$ 63,71 bilhões reservados este ano, as personagens da educação vêm protagonizando cenas de reivindicação pelo cumprimento do piso salarial, instituído na administração Lula, além de histórias como de Silvana dos Santos, mãe que, durante a greve dos professores em Minas Gerais, viu que a transferência de sua filha não foi a melhor das escolhas. A jovem ficou sem aulas na nova escola pública e a mãe, consternada. A fim de colaborar para a resolução destes problemas e em favor de uma melhor relação custo-benefício para o ensino, especialistas em educação verificam o quão eficientes são os gastos com o setor e mostram que o valor investido por aluno ainda está aquém dos padrões Internacionais.

A meta é dez
Doutor em Educação pela Unimep-SP, Nelson Cardoso Amaral não dispensa os números. Categórico, o especialista em financiamento educacional compara realidades distintas para sustentar a bandeira em favor de 10% da riqueza nacional para educação até 2020. “Em 2008, o Brasil teve um PIB, corrigido pelo poder de compra, de US$ 2 trilhões, enquanto a Alemanha chegou a US$ 3 trilhões. O governo brasileiro aplicou 4,7% do PIB em educação, já o alemão, 4,6%. A população em idade educacional brasileira foi de 84 milhões e a germânica de 18 milhões. Se efetivarmos as contas de quanto Brasil e Alemanha gastaram por pessoa em idade educacional, concluímos que aqui se aplica US$ 959 e lá US$ 7.187. Uma grande diferença”, esmiúça.


 (...) O pesquisador compartilha tal argumentação com membros de movimentos sociais e estudantis e até mesmo com a cúpula do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Para estes, a intenção do MEC de se destinar 7% do PIB à educação até 2020 é insuficiente, apesar de a média de investimento nos países da OCDE se aproximar de 6%. A razão para a atual deficiência estaria em fatores como a parcela de pessoas em idade educacional, que compreende a faixa etária de 0 a 24 anos, frente à riqueza brasileira.


 (...) Nem todos os pesquisadores pensam igual a Amaral. “A quantidade de dinheiro destinada à educação no Brasil não está ruim. É claro que pode melhorar, mas isso é uma necessidade geral. A valorização do setor, com maiores investimentos, é uma decisão legítima e soberana. Vejamos, porém: os gastos nas redes estaduais e municipais se aproximam dos parâmetros internacionais. O problema do ensino no Brasil é, na verdade, de gestão de recursos”, argumenta Samuel Pessôa, doutor em Economia pela USP e chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).

A fim de estudar os efeitos colaterais da má gerência e do desvio de verbas destinadas à educação no Brasil, pesquisadores desenvolveram um estudo pela PUC-Rio, junto à Universidade de Berkeley (EUA) e ao Banco Mundial. Assinado pelos economistas Claudio Ferraz, Frederico Finan e Diana Bello Moreira, “Corrupção, Má Gestão, e Desempenho Educacional: Evidências a Partir da Fiscalização dos Municípios” surgiu como possibilidade de se analisar as consequências de desvios sobre a disposição de bens e serviços públicos. “A educação é reconhecida de forma unânime como importante para o desenvolvimento de países e, dada a riqueza de dados educacionais no Brasil, o setor nos pareceu o candidato natural para estudar os efeitos da corrupção”, esclarece Diana, pós-doutoranda em Economia na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos."



No alto dos meus 42 anos e, desde que me entendo por gente, a educação, a saúde, o sistema carcerário e a segurança pública, sempre foram formas eficazes de se conseguir voto e verba para os Estados e Municípios.  

É claro que o problema da educação do Brasil passa por um pouco das duas situações. Precisamos sim aumentar o investimento em educação e nos EDUCADORES, e não ficar manipulando os números de forma a parecerem favoráveis como demonstra a reportagem, pois realidades diferentes denotam atitudes diferentes e, por conseguinte, investimentos diferentes. Por outro lado o Governo que tem criar dispositivos para garantir que a verba destinada à educação chegue até as escolas, e mais, que sejam empregadas em busca de uma educação de qualidade.


Para que isso possa acontecer, nós brasileiros, temos que nos espelhar na atitude dos nossos vizinhos do Chile, onde a população no dia das crianças saiu às ruas em apoio as manifestações dos estudantes em prol de uma educação de qualidade e gratuita.




Referencia:


Revista Vox Objetiva. Nº 28. Disponível em: http://www.voxobjetiva.com.br/materia_completa.php?id=429 . Acesso em: 30/11/2011.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Chile: um caminho em busca da qualidade na educação

O Chile é um pequeno país da América do sul com cerca de 16 milhões de habitantes, que se caracteriza por possuir um excelente nível de escolaridade e baixos níveis de evasão escolar e de repetência.
 “Segundo dados do Ministério da Educação (CHILE, 2009b), dois terços da população entre 25 e 34 anos (64%) completaram ao menos o ensino médio e cerca de três quartos dos jovens entre 15 e 19 anos (74%) estão cursando este mesmo nível de ensino.” (Britto, 2011, p. 4).
Muito embora, seus números referentes à educação representem um grau de superioridade frente à grande maioria dos países na América Latina, quando comparados com países como Inglaterra, França, USA, entre outros, percebemos que o Chile ainda se encontra muito distante em termos de qualidade na educação. 
Contudo, se fizermos uma retrospectiva da educação no Chile, logo perceberemos que ao longo dos anos vem se desenvolvendo políticas públicas em prol da melhoria da educação. È importante ressaltar que desde sua colonização, o ensino na América espanhola teve uma conotação diferente da América portuguesa. Provavelmente devido ao contexto em que se encontrava, “O Chile começou a desenvolver seu sistema de educação pública desde a independência no século XIX, muito antes, portanto, do que o Brasil.” (Campbell, 1959. Apud. Schwartzman, 2007, p.3).
Na década de 60 no século XX, durante o mandato de Eduardo Freire, foi desenvolvido um audacioso projeto de reformulação da educação, no qual se aumentava os anos de estudo obrigatórios e se reestruturava o sistema escolar chileno, chegando ao final da década com um ensino fundamental quase universal.
 Nos primeiros anos da década de 70, durante o governo de Salvador Allender, colocou-se em andamento o projeto Escuela Nacional Unificada, que se por um lado procurava melhorar e ampliar as reformas anteriores, por outro, trazia um conteúdo ideológico que incentivava o controle das instituições de educação pelos políticos e pelos sindicalistas, o que conferia à educação chilena uma importância revolucionaria.
Com o advento do golpe militar articulado por Augusto Pinochet, o sistema educacional foi modificado, e, o governo chileno, parou de suprir e controlar a qualidade da educação, abrindo espaço para que a iniciativa privada a assumisse. Assim, onde antes havia o direito à educação, passou a existir a livre escolha.
 Durante o governo Pinochet desmantelou-se a educação que até então era centralizada, dando lugar a um sistema municipalizado onde a verba era destinada conforme o número de alunos. Como forma de incentivo à privatização do ensino, aos alunos que queriam estudar em escolas privadas, o governo concedia um vale para a realização das matriculas, o que provocou o crescimento da educação privada no Chile. “Introduzido em 1981 este sistema, ao longo dos anos, estimulou a criação de mais de mil escolas privadas subsidiadas, aumentando a participação do ensino privado de 20% para 40% das matrículas.” (Schwartzman, 2007, p.4).
 Assim as escolas públicas municipais passaram, de certa maneira, a concorrer com as escalas da iniciativa privada pela manutenção dos alunos. Porém, com pouco resultado prático. As escolas técnicas de nível médio, por exemplo, antes geridas pelo governo central, tiveram cerca de 12,5% de suas unidades transferidas para o controle de empresários.
“Em março de 1990, às vésperas de deixar o poder, o governo militar edita a “Ley Orgánica Constitucional de la Enseñanza”, conhecida como LOCE, que permanece em vigor até 2007 quando o governo de Michelle Bachelet, em resposta às manifestações estudantis e de professores, inicia sua substituição.” (Schwartzman, 2007, p.5).

Mesmo com a mudança de governo e com o fim da ditadura, a LOCE permanece por mais dezesseis anos. O que se explica pelo fato de ser uma Lei constitucional e, pelo arranjo político acordado para a transição da ditadura para a democracia. Arranjo este, que não conferiu a Concertación uma maioria no plenário, o que impossibilitou a realização de mudanças na LOCE. Outro motivo importante para sua manutenção, apesar de ter sido editada durante a ditadura, é que a LOCE tinha certa coerência e trazia a perspectiva de alicerçar uma política de educação melhor que a anterior. Segundo Schwartzman os governos democráticos que se seguiram mantiveram um sistema universal de avaliação dos alunos em suas diversas disciplinas. Destarte, novas políticas de financiamento da educação foram surgindo, proporcionando um aumento substancial de verba e modificando o quadro do período Pinochet.
Dentre os fatores importantes para as mudanças que aconteceram neste período, não podemos nos esquecer dos professores, que “... foram a peça fundamental no conjunto de melhorias da qualidade do ensino por meio da retomada do crescimento sustentado dos gastos públicos com educação, aliado a uma mudança radical do status da profissão docente.” (Britto, 2011, p.7). Neste contexto promoveu-se melhorias de condições de trabalho, melhorias estruturais, na gestão, mudança no calendário escolar, aumento de salários e uma crescente preocupação com os indicadores de qualidade na educação.
Somente em 2006 as discussões sobre o ensino seriam retomadas no Chile, não antes de vários protestos de estudantes contra as reforma promovidas pelo governo da Concertacion. Estas manifestações estudantis ficaram conhecidas como a Revolta dos Pinguins. Passados três anos após o inicio das discussões, foi aprovada em 2009 a Ley General de Educación (LGE) para substituir a LOCE, porém, assegurou-se o papel de subsidiário do Estado e uma educação de qualidade para todos.
No momento atual, 2011, novamente temos noticias de manifestações em favor de uma educação de qualidade e gratuita para todos no Chile, retomando assim a história de um povo que aprendeu a valorizar a educação escolar como um fator de extrema importância para o crescimento pessoal e nacional. Aprendizado este, fruto de uma política de valorização da educação e do reconhecimento da importância do corpo docente como fator primordial para obtenção e promoção de uma educação de qualidade.
Percebemos que muitos brasileiros olham para as manifestações estudantis no Chile e vem apenas baderna, enquanto pessoas (brasileiros) que aprenderam a reconhecer o valor de uma educação de qualidade vêm uma luta pelos direitos de cidadão. 
Neste contexto, o Chile deixa um exemplo para toda a América latina no que diz respeito à consciência de que as reforma no campo da educação nacional tem que, obrigatoriamente, passar por toda a sociedade, e que, é preciso que se faça um pacto entre as diversas posições políticas, independente de qual seja sua ideologia. Outro aspecto, é que para se ter uma boa educação é preciso ter bons professores e bons salários, possibilitando desta forma, um maior investimento na formação do docente e consequentemente uma melhoria da qualidade no ensino.
Contudo é preciso destacar que as reformas adotadas pelo Chile na educação, não traz soluções prontas para as questões que cercam a educação na América Latina. Por outro lado, percebemos que apesar de possuir um dos melhores índices de educação da América Latina o Chile ainda tem um longo caminho a percorrer em busca de uma educação gratuita e de qualidade.




Referencias:

BRITTO, Ariana. Reformas educacionais no Chile: A Vez do Agente. 2011. Disponível em: www.proac.uff.br/cede/sites/default/files/TD55.pdf. em: 17/11/2011.

SCHWARTZMAN, Simon. Chile: Um Laboratório de Reformas Educacionais. Disponível em: www.schwartzman.org.br/simon/paperChile.pdf. em: 15/11/2011.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Internet e emburrecimento

 

 
imagereportagem recente da revista época pergunta se a "internet faz mal ao cérebro" e cita um número de estudiosos que aponta, entre os efeitos da rede, um aumento da distração, dispersão e um "emburrecimento" da população. entre os proponentes de tal avaliação do estado de coisas em rede está mark bauerlein, da emory university, autor de The Dumbest Generation: How the Digital Age Stupefies Young Americans and Jeopardizes Our Future(Or, Don’t Trust Anyone Under 30), publicado em 2008.
talvez o argumento central do livro seja que, apesar das oportunidades de educação, aprendizado, ação política e atividade cultural nunca terem sido tão grandes como agora, exatamente por causa da rede, os candidatos a aprendiz [os mais jovens, na perspectiva do autor e do texto] se conectam apenas entre si, para uma espécie de "socialização da imaturidade", ao invés se servirem do ambiente da web para conexão com pais, professores e outros adultos relevantes. segundo bauerlein, o resultado é que
…instead of using the Web to learn about the wide world, young people instead mostly use it to gossip about each other and follow pop culture, relentlessly keeping up with the ever-shifting lingua franca of being cool in school.
ao invés de usar a web para aprender sobre o grande mundo ao redor, os jovens usam a rede para fofocar uns sobre os outros e seguir a cultura pop, a todo tempo se mantendo atualizados com a sempre mutante língua franca que os torna "legais" na escola.
sei não. mas imagine que bauerlein esteja certo e os jovens estejam mesmo "emburrecendo" por causa da web e das redes sociais. bauerlein concorda que nunca se leu e escreveu tanto quanto hoje. segundo ele, o "problema" é que eles estão lendo e escrevendo as "coisas erradas": lá nos EUA a rede deveria estar sendo usada para ler mais shakespeare, milton, a grande literatura americana e discutir os problemas da sociedade e economia. mutatis mutandis, o adolescente local em rede deveria, ao fim do ensino médio –e só porque está na web, ter terminado grande sertão: veredas, de guimarães rosa, o romance d’a pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, de ariano suassuna e a história da matemática de carl boyer. de preferência, claro, em inglês.
tal expectativa é completamente infundada. não só para a web, mas para qualquer outra "tecnologia". imagine prover telas, pincéis e tintas a seja lá que grande grupo for e espere pra ver se acontece algum picasso ou léger em poucas semanas ou mesmo alguns anos. mesmo que haja um processo de educação e aculturação, de mudança de comportamento, um conjunto de movimentos que possa levar a graus de interesse e desenvolvimento de competências capazes de fazer nascer um chagall, isso nem sempre –ou quase nunca- acontece.

como se não bastasse, como os mais jovens se conectariam aos mais velhos –para aprender, ou aprender mais, se estes demoraram muito a chegar na rede, perderam o ponto de entrada [faceBook, tecnologia feita por jovens para jovens, era só para estudantes no princípio] e, por conseguinte, a linguagem? eons, a rede social para idosos, não é exatamente quem está ditando as regras e padrões de comportamento. e as empresas e escolas, instituições em geral, assustadas com a democracia das redes sociais, uma espécie de 1968 online, resolveram se esconder do "problema" e o fizeram por muito tempo. e estão muito atrasadas no aprendizado da nova "linguagem".
resultado? os jovens saíram na frente e estão à frente, onde vão continuar por muito tempo. e isso é muito bom, sejam quais forem as consequências.
no processo de introdução de novas tecnologias de amplo impacto social, há uma mudança radical no espaço-tempo, na forma, conteúdo, significado e entendimento do que é feito e criado, do que acontece ou deixa de. e leva anos, muitos talvez, para que o equivalente [na web ou nas redes sociais] à pintura acima ser reconhecido como a expressão de um gênio, mesmo que apenas no novo contexto cultural induzido pelas novas tecnologias. e ainda mais tempo para que seja, de fato, uma obra prima em qualquer contexto.
estamos vivendo uma reinvenção do contemporâneo. em modo beta.
a reportagem da época e os argumentos de bauerlein e outros precisam levar em conta uma mudança como a que estamos vivendo na rede tem impactos muito maiores do que percebemos de dentro do espaço-tempo da mudança. pela própria natureza da coisa, não conseguimos entender o que está acontecendo antes de chegarmos em alguns arranjos mais estáveis dentro do processo. ao mesmo tempo, tendemos a superestimar o impacto das tecnologias no curto prazo e subestimar o mesmo efeito no longo, aforismo conhecido como a lei de amara.
em um outro texto, bauerlein dá conta de uma outra mudança induzida por tecnologia que já começou a grassar nos estados unidos e que, em breve, vai rolar pelo resto do mundo: as escolas de indiana, entre outros estados, vão deixar de insistir na escrita cursiva [caligrafia já dançou há tempos] e partir para o teclado e o toque. bauerlein cita estudos que parecem garantir que construir as letras à mão [o cursivo] ajuda no processo de leitura e escrita. pode ser. mas como insistir que as crianças aprendam a ler e escrever de forma cursiva se, logo depois, esta "tecnologia" é descartada?
estamos numa encruzilhada. os velhos métodos já não funcionam mais, pois o mundo aqui fora da da escola "passou" por ela. ao mesmo tempo, ainda não conseguimos entender o suficiente do presente para formatar os métodos e processos, juntamente com as tecnologias, que vão servir de base para aprender, no presente, o que vai ser essencial para o futuro.
talvez não reste nenhuma outra alternativa a não ser tentar, errar e aprender. agora, enquanto o futuro ainda é recente. caso contrário, é olhar para o que o futuro parecia ser, no passado. a imagem abaixo, de 1910, tentava prever o que seriam as salas de aula do futuro, no ano 2000. vai ver que elas não são nem isso. e aí não é de assustar que os alunos, os "jovens", prefiram redes sociais e games. aqui pra nós, se eu fosse eles, estaria lá também. e estou.
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PS: lá em 1968, nelson rodrigues [um dos mais competentes e deliciosos reacionários de todos os tempos] escrevia uma crônica [em maio... "eis o fato novo na vida brasileira: –o culto da imaturidade"] onde desancava o "novo" teatro, os "jovens" diretores da época [como zé celso] e sua visão de mundo e da encenação, botava a plateia no rolo e dizia que, naqueles tempos, o tempo exigia das pessoas plena imaturidade, que "neste final de século, a imaturidade é a musa perfeita, sereníssima, universal" e que, por fim "a inteligência está liquidando o teatro brasileiro". vai ver, o grande recifense teria razão hoje: a inteligência [juvenil] está liquidando a internet… 

(Prof. Silvio Meira)