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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Especialista em Docência do Ensino Superior pela Fibh e graduado em História pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Atualmente é professor do ensino médio. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da tecnologia na educação.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ENSINO: ALGO PARA SE PENSAR


Nos dias atuais a definição de sociedade se tornou escapadiço. Uma vez que a humanidade se encontra permeada por sociedades liquidas onde as identidades são fluidas e nas quais as “verdades” são passageiras e, “para sempre”, ao contrario do cita Bauman[1], não dura nem vinte anos. Talvez sendo mais correto afirmar que se encontra bem próximo do que disse Vinicius de Moraes: “Que seja eterno enquanto dure”.


A humanidade nos últimos trinta anos sofreu mudanças até então inimagináveis. Certezas cederam lugar há incertezas, o impossível tornou-se possível, a ficção saiu do imaginário das pessoas visionárias tornando-se realidade no mundo factual. A informática ocupou espaços importantes no dia-a-dia das pessoas e, ao longo de sua curta trajetória, foi se miniaturizando tornando-se cada dia mais portátil e fácil de carregar. Celulares, tabletes, ifones, netbooks viabilizaram o acesso a internet móvel eliminando os fios e ampliando as formas de conexão a Rede Mundial de Computadores. O que possibilitou às pessoas obter informações sobre os mais variados assuntos onde quer que ela se encontre.


Assim essas mudanças proporcionadas pelas tecnologias digitais se constituíram a base do mundo pós-moderno em que vivemos, ou como diria Bauman[2], dessa ”sociedade líquida”, onde as identidades se tornaram fluidas e movediças. O que Possibilita que as pessoas tornem-se o que quiserem, ainda que de formar ficcional. Ou como afirma Bauman (2005),

a “identidade” só nós é revelada como algo a ser inventado, e não descoberto; como alvo de um esforço, “um objetivo”; como uma coisa que ainda se precisa construir a partir do zero ou escolher entre alternativas e então lutar por protegê-la lutando ainda mais – mesmo que, para que essa luta seja vitoriosa, a verdade sobre a condição precária e eternamente inconclusa da identidade deva ser, e tenda a ser, suprimida e laboriosamente oculta.


Desta forma o ser humano fruto da liquidez produzida pela globalização do conhecimento e da facilidade de informação, se tornou multifacetado. Analogicamente, pode-se pensar que os membros desta sociedade liquida se transformam a cada instante conforme a necessidade do momento em que vivem, resguardando o seu verdadeiro ser em um local que só a eles é dado acesso, uma espécie de alcova psicológica. O grande problema desta situação é que em alguns casos as facetas múltiplas da identidade moderna obscurecem a essência do ser estrategicamente escondido. Assim absurdos ganham ares de normalidade, o inaceitável passa a ser tolerado e a sociedade passa a ver e aceitar tudo com resignação. Fato que de alguma forma pode explicar o descaso em que se encontra a educação.


Motivo pelo qual encontramos pensadores que na busca por alternativas para salva a educação brasileira, apresentam soluções no mínimo milagrosas, como a “Carta de Transdiciplinsridade” [3]. Em um mundo no qual, como diria Marx, “tudo que é solido se desmancha no ar”, devido à velocidade das transformações provocadas pela parceria ciência e tecnologia. Como esperar que diretrizes traçadas sob a égide de uma pseudo Transdisciplinaridade seja a solução de todos os problemas enfrentados na educação?  E o que é pior, como se apoiar sobre diretrizes traçadas por homens que se sentem acuados pela velocidade que as tecnologias apreendem nas mudanças dos “fatos”? Situação que se encontra estampada de forma clara no preâmbulo da mesma em frases como, “Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência triunfante que obedece apenas à lógica assustadora da eficácia pela eficácia.[4]” Ainda que estes homens sejam Doutores renomados em seus segmentos, não podemos deixar de perceber em seus escritos o receio do desconhecido. Além do mais, Segundo Roger Chartier[5] “Aquilo que é radicalmente novo, com a revolução eletrônica atual, é que não há processo de aprendizagem transmissível de nossa geração à geração dos novos leitores.”


Desta forma, talvez a grande pergunta a se fazer sobre a utilização dos princípios impressos nesta Carta de Transdisciplinaridade é se estes estudiosos já conseguiam antever os rumos que a sociedade tomaria transformando-se nesta sociedade liquida, multifacetada e globalizada presente na atualidade. Ou será que eles estavam tentando se proteger de um futuro incerto? Como deixam transparecer no trecho escrito desta forma, “Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo, cujas conseqüências sobre o plano individual e social são incalculáveis.[6]” Um novo obscurantismo? E ai a pergunta que não quer calar é, será que o fato que se apresenta para eles de forma obscura também o é para as gerações dos “novos leitores” que os sucederam e principalmente para os leitores das gerações vindouras? Nicolau Sevcenko[7] traz uma analogia sobre Albert Einstein que é interessante para se pensar sobre esta situação.  Quando criança Einstein passeava de trem e se maravilhava com os faróis das maquinas ao se cruzarem em um túnel , e, se perguntava o que veria se estivesse em um daqueles fachos de luz. Ao tentar compartilhar esta ideia com seu pai e seu tio não foi compreendido por eles que viam apenas dois faróis que tinham a função determinada, porem o jovem Einstein via ali um manancial de possibilidades ilimitadas. A diferença entre Einstein e seus parentes é a perspectiva da dimensão do olhar. Se para o pai e o tio de Einstein todo o contexto da eletricidade era uma inovação, para ele ,que nascerá em um mundo no qual o seu uso já era um fato, a eletricidade já não era novidade, mas sim suas possíveis potencialidades. Portanto, o que para os idealizadores da Carta da Transdisciplinaridade parece obscuro para outros que tenham uma perspectiva de olhar diferente pode ser uma gama de possibilidades a ser explorada.


Não obstante, de alguns de seus artigos é possível retirar, com moderação e consciência do contexto na qual ela foi elaborada, conceitos e diretrizes que podem ser empregados no ensino formal brasileiro. Uma vez que muito se fala sobre a utilização de métodos interdisciplinares e transversais na pratica docente.


O fato é que a aplicação de métodos interdisciplinares e transversais no ensino de história é quase uma unanimidade entre os docentes. Porém, o seu uso deve ser feito de forma condizente com o momento de globalização que se faz presente no mundo hoje.


No que se refere ao ensino de história, o uso da interdisciplinaridade é uma constante, uma vez que o docente que atua nesta área acaba, querendo ou não, tendo que lançar mão de conceitos e métodos pertencentes as mais diversas áreas de atuação da ciência em prol de alcançar a compreensão histórica.


Contudo, deve-se ter o cuidado de buscar sempre novas formas de ver o mesmo objeto de estudo com o passar do tempo. Sempre se preocupando em perceber a visão e os anseios dos estudantes que participarão do processo de ensino aprendizagem. Pois só através da leitura do momento em curso, das expectativas dos estudantes, do seus conhecimentos prévios e da influência destes fatores no cotidiano dos alunos é que será possível agir como facilitador do conhecimento. Sempre tomando o devido cuidado para não incidir no “erro”, do passado, de engessar os alunos a partir de conceitos pré-determinados. Destarte, a interdisciplinaridade e a transversalidade é um caminho, mas não a solução de todos os problemas da educação.



Considerações Finais

È triste constatar que uma reportagem publicada na revista Nova Escola[8], dizendo que os cursos de licenciaturas não preparam seus alunos para a realidade do ensino no Brasil, é verdade. Claro que as instituições através de seus professores ministram vários conteúdos pertinentes ao curso que se dispõe a proporcionar. Mas isso é muito pouco para se formar um professor no Brasil atualmente. O mundo mudou, as pessoas mudaram, as crianças não são mais as mesmas e as escolas pelo que podemos perceber, continuam as mesmas de cinqüenta anos atrás, ainda que algumas se vistam com uma roupagem moderna. E o que é pior, os graduandos dos cursos de licenciaturas saem dispostos a mudar os rumos da educação do país, mas sem nem se quer conhecer o tamanho do dragão que os espera fora dos muros da instituições de nível superior.


Para mudar os rumos da educação brasileira e reconquistar o respeito e a importância do educador no Brasil é preciso mudar sim, a começar pelo processo de formação dos graduandos dos cursos de licenciatura. Pois só através da formação de docentes com uma visão pós-moderna, globalizada, multifacetada, liquida e conscientes da bagunça em que se encontra a educação no país é que poderemos dar os primeiros passos rumo a uma melhor educação no Brasil. Até lá, algumas vozes mais conscientes no decorrer deste processo se levantarão, talvez preparando, ainda que inexpressivamente, o futuro, para quem sabe um dia, possa haver educação de qualidade para todos e a sociedade possa redescobrir a importância que têm os professores para a construção de um mundo melhor e, consequentemente uma vida melhor.








Referencias:

Bauman, Zigmunt. A Sociedade Liquida. Jornal Folha de São Paulo de 22 de maio de 2003.

BAUMAN, Zygmunt. Identidades: Entrevista a Bendetto Vecchi. Rio de Janeiro, 2005, Ed: Jorge Zahar.

Carta de Transdisciplinaridade. Disponível em: www.ufrrj.br/.../Arquivo_14_Carta_Transdisciplinaridade_. Acesso em: 25/02/2012.

CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro: do leitor ao navegador. Tradução: Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. 2ª Ed. Ed: Unesp – São Paulo – SP 1998.

SEVCENKO, Nicolau. A Corrida Para o Século XXI: No Loop da Motanha-russa. Ed: Companhia das Letras. São Paulo, 2001.


[1] BAUMAN, Zygmunt. A Sociedade Liquida. Jornal Folha de São Paulo de 22 de maio de 2003
[2] BAUMAN, Zygmunt. Identidades: Entrevista a Bendetto Vecchi. Rio de Janeiro, 2005, Ed: Jorge Zahar.
[3] Redigida em Portugal no ano de 1994 no convento de Arrábida por um grupo de estudiosos.
[4] Carta de Transdisciplinaridade
[5] CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro: do leitor ao navegador. Tradução: Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. 2ª Ed. Ed: Unesp – São Paulo – SP 1998.
[6] Carta de Transdisciplinaridade
[7] SEVCENKO, Nicolau. A Corrida Para o Século XXI: No Loop da Motanha-russa. São Paulo, 2001.
[8] A fragilidade de cursos de Pedagogia e de licenciaturas no Brasil. Nova Escola Edição 231, Abril 2010.

sábado, 12 de maio de 2012

Mitos da escravidão em Minas são derrubados por pesquisador

Reportagem de Gustavo Werneck -
Publicação: 12/05/2012 06:00Atualização: 12/05/2012 07:59 -  Jornal Estado de Minas

Nas novelas de tv, ambientadas nos tempos da escravidão, os negros têm destino certo: quando não ficam amarrados no tronco apanhando feito cachorro, estão presos aos grilhões nas senzalas ou preparando quitutes na cozinha da fazenda. Já na literatura do século 19, comem o pão que o diabo amassou – se é que havia pão! – no porão das embarcações, encarando “tanto horror perante os céus” – como escreveu o baiano Castro Alves (1847-1871) no poema Navio Negreiro. Ganhou força, então, no imaginário popular, a imagem de homens e mulheres humilhados, vítimas de olhos baixos e impotentes para levantar a voz contra o seu senhor. Mas novos estudos mostram que a trajetória dos escravos africanos no Brasil tem muitos mitos e que eles foram, sim, agentes da história e nem sempre submissos.

Estudioso de tema tão polêmico há mais de 20 anos e autor de vários livros, o professor de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo França Paiva conta que os escravos desenvolveram autonomia e até ajuizaram ações contra os seus proprietários, quando se sentiam lesados. Muitas vezes levaram a melhor no tribunal, ao defender, por exemplo, que já haviam pago todas as parcelas de compra de sua liberdade, algo que o senhor contestava. “O equívoco maior é pensar que os cativos foram vítimas o tempo todo. O 13 de maio de 1888, lembrado amanhã, data em que a Princesa Isabel (1847-1871) assinou a Lei Áurea e extinguiu a escravidão no Brasil, serve para discutir o assunto e corrigir uma série de distorções, muitas delas construídas pelos abolicionistas”, diz o professor, que segue na próxima semana para Sevilha, Espanha, onde fará o segundo pós-doutorado, desta vez sobre as Américas portuguesa e espanhola.

Nas suas pesquisas, o professor Eduardo, que atua nas áreas da história da escravidão e das mestiçagens, vem fazendo descobertas surpreendentes. Uma das mais importantes se refere aos senhores de escravos que, ao contrário do que se aprende na escola e nos livros didáticos, nem sempre eram brancos. Em Minas, do início do século 18 a meados do 19, mais de 30% desses proprietários eram ex-escravos ou descendentes de escravos. Em 1776, conforme as estimativas, havia na capitania de Minas, então a mais rica e populosa da colônia, com um comércio conectado com o mundo e efervescência social e cultural, cerca de 300 mil habitantes, sendo 130 mil forros (ex-escravos), 110 mil escravos e 60 mil brancos.

“Havia em Minas mais ex-escravos do que escravos, a maior parte mulheres”, afirma o professor, explicando que somente a partir da segunda metade do século 19, a escravidão passou a ser condenada. “Até então, era legal e legítima, e os cativos prezavam dois valores fundamentais: queriam ser livres e proprietários de escravos. Os castigos físicos eram comuns nesses tempos de patriarcado, em que os pais batiam muito nos filhos”, diz o autor de vários livros, entre eles Escravidão e universo cultural na colônia, editado pela UFMG, e Escravos e libertos nas Minas Gerais do século 18, da coleção Olhares/UFMG/Annablume.

Fortuna

Entre as personagens mais importantes encontradas nas pesquisas está Bárbara Aleluia –negra filha de africanos, nascida no Brasil –, uma pernambucana que viveu em Sabará. “Ela foi uma das mulheres mais ricas da época, acumulou fortuna com o comércio e outras atividades”, revela. Pinturas ainda desconhecidas da maioria dos brasileiros mostram negras cobertas de joias e usando trajes típicos, a exemplo das mulheres africanas, ou andando pelas ruas com seu séquito. Num livro, Eduardo mostra o retrato de uma baiana, uma negra enriquecida, que posa em estúdio com seus colares de ouro.
Em Minas, com uma sociedade mais urbana, a situação era bem diferente da encontrada ao Norte da América Portuguesa. “Aqui havia muitos senhores de poucos escravos, em média cinco para cada um, bem diferente de Pernambuco e Bahia, com 30 por um. Outro diferencial mineiro é que nem todos os proprietários eram ricos”, diz o professor, explicando que, por volta de 1730, a mineração de ouro já estava em decadência, embora a economia se mantivesse forte e dinâmica, com um comércio influente e produção agrícola em ascensão. Esse quadro favorecia a compra da liberdade.

Para conseguir o seu objetivo, o cativo tinha que ser, antes de mais nada, um bom negociador, o que significava um acordo com o seu dono sobre a forma de pagamento. Quem não ganhava a alforria em testamento ou na pia batismal, podia pagá-la parceladamente, num período de quatro a cinco anos, em prestações semestrais, num sistema denominado coartação –nesse tempo, o chamado coartado ficava longe do domínio cotidiano de seu proprietário. Outra forma de ficar livre era pagando à vista. “O dinheiro para saldar o débito era obtido de diversas formas. As mulheres dominavam o pequeno comércio, vendendo, nas ruas, doces, sucos, carnes e outros produtos. Eram muito comuns, nessa época, as ‘negras de tabuleiro’, que, como mostram também gravuras antigas, saíam pelas vilas e arraiais vendendo comidas. A prostituição era outro caminho para alcançar a liberdade”, conta. O artista italiano Carlos Julião (1740-1811) pintou aquarelas retratando a vida dos recém-chegados da África – e chamados de boçais por não saberem falar a língua portuguesa – e dos enriquecidos.

Um dos objetivos do professor é tirar dos escravos e forros o perfil exclusivo de vítimas e dar-lhes a dignidade de quem construiu sua liberdade e ajudou na edificação do país. “No Brasil, o cenário de escravos amarrados ao tronco, sendo chicoteados, é fortemente panfletário, embora o castigo físico tenha existido em toda a colônia. Enquanto os escravos foram efetivamente agentes da história, a historiografia brasileira contemporânea continua repetindo discursos abolicionistas, o que significa exagerar no grau de violência praticado pelos senhores”, diz o professor, convicto da necessidade de maior aprofundamento das pesquisas.

terça-feira, 1 de maio de 2012

LEITURA É UM HABITO QUE DEVE SER CULTIVADO.

"És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo"
(Caetano Veloso)


Vivemos em um tempo em que o tempo passa tão rapidamente que, muitas vezes, nem nos damos conta. E em meio a esta velocidade, muitas de nossas prentenções acabam a espera de um tempo para se concretizarem. Certamente não precisaríamos de muito tempo para lembrar de algo que queríamos ter feito e ainda não tivemos oportunidade de fazê-lo, como ler um bom livro, por exemplo.

Contudo, se paramos e pensamos um pouco, veremos que muito do nosso tempo "ocioso" passamos em frente a um computador, como agora, por exemplo. E foi pensando nisto que resolvi compartilhar com vocês um link de site de leitura, calma, eu sei que a internet está cheia deles, mas esse traz novidades. O site "leituradiaria.com" além de disponibilizar a leitura de livros, permite ainda ao leitor escolher quantos minutos diarios ele quer se dedicar aquela leitura, em quais dias da semana pretende realizá-la e como se não bastasse, ele envia para seu e-mail a leitura obedecendo (+/-) o tempo determinado por você e nos dias selecionados

Lembremos que a leitura é um exercício para o cérebro e como tal é indispensável para a nossa saúde mental. Sendo assim, sugiro que se comece aos poucos, cinco minutos diários, e vá aumentado gradativamente os minutos de leitura com o decorrer do tempo. Para tanto copie o endereço do site e cole em seu navegador e boa leitura.

domingo, 15 de abril de 2012

Google Art Project chega ao Brasil.


O "Google Art Project" acaba de chegar ao Brasil. E você pode se perguntar: e daí? Criado em 2011 para tornar obras de arte de todo o mundo mais acessível, o Google Art Project é uma espécie de "Street View" para museus e galerias. São mais de 150 espaços totalmente digitalizados em 40 países que, no total, somam mais de 30 mil peças de arte em alta resolução. Uma verdadeira viagem virtual!
Esta semana, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e a Pinacoteca do Estado de São Paulo passaram a fazer parte desse projeto com quase 200 obras nacionais digitalizadas. O objetivo, além de levar mais cultura para a web, é criar a oportunidade para pessoas do mundo inteiro conhecerem esses acervos. O "Art Project" é uma nova forma de interação com a arte e complementa as visitas aos mais renomados museus mundo afora.
Mais do que as obras em alta resolução, o projeto permite que o visitante virtual faça um passeio dentro dos museus, sala por sala. Assim, é possível conhecer exatamente onde cada peça está localizada. Mas, tão bacana quanto visitar virtualmente essas salas, é saber como essas imagens são produzidas!
Tudo é feito com este "trolley", um carrinho que possui quinze câmeras de alta definição em 360º, e recria o ambiente usando exatamente a mesma tecnologia do "Street View". Algumas imagens atingem os 7 bilhões de pixels, suficiente para aproximar o zoom e ver detalhes até da tela usada pelo artista. São detalhes que você talvez nem visse, mesmo que estivesse de frente para o quadro.
Alessandro Germano, gerente de novos negócios do Google, comenta que "você tem essa impressão quando está navegando na ferramenta e consegue girar e olhar para cima ou para baixo". Ele explica que, "além disso, há no carrinho três feixes de laser, um na frente e um de cada lado". Alessandro explica que eles servem para criar uma noção de distância até uma parede, obstáculo ou obra. Os lasers também ajudam quem está "pilotando" o carrinho: "A pessoa consegue navegar sem precisar se preocupar tanto com o trajeto ou com a ação de olhar para o trajeto", diz.
Esse mesmo laser serve também para detectar a profundidade de algumas esculturas e dar ainda mais realismo às imagens captadas. Interessante é que o "Art Project"não se limita somente a museus e galerias de arte.
Alessandro diz que no próprio MAM, há o exemplo da escultura dos gêmeos, que fica do lado de fora do museu. Assim como há palácios e até a Casa Branca, nos EUA, que "não é tecnicamente um museu, mas é uma galeria de arte", explica: "Temos exemplos mais radicais, como uma galeria de arte rupestre nas rochas, na África do Sul, que fica totalmente ao ar livre e que também está no projeto".
No "Art Project", o visitante pode navegar pelas obras usando o nome do artista, museu, país de origem e até pelo período histórico da peça. O serviço já está integrado com as redes sociais Google Plus e também com o Facebook. A ideia é que os usuários criem e compartilhem suas próprias galerias.

Quer viajar você também e conhecer, além dos museus nacionais, acervos como o MoMa, em Nova York ou o Palácio de Versailles, na França?. Divirta-se!


Obs.: Vale lembrar que aqui no Brasil nós já tínhemos acesso ao passeio virtual a vários museus através do site Era Virtual, cujo o link se encontra em nosso blog desde sua criação.




 




quinta-feira, 5 de abril de 2012

Digital x impresso

Espalhados pelo chão, empilhados sobre a mesa, em cima das cadeiras, dezenas de livros aguardavam voltar para as estantes, de onde foram retirados por causa de uma pequena obra em casa. Eu acabara de ler no Prosa & Verso uma matéria que me pôs a pensar sobre o futuro deles. Será que teriam utilidade para Alice daqui a uns 15 anos? O debate no suplemento era sobre os efeitos do mundo digital sobre a leitura, a competição entre internet e texto impresso, fazendo lembrar a antiga discussão entre o que Umberto Eco chamou de "apocalípticos e integrados", para definir os que temiam e os que aceitavam a comunicação de massa. No artigo em que procurava desfazer o clima maniqueísta da disputa, Pedro Doria analisava os mais recentes trabalhos que tratam do tema.

O apocalíptico dessa história é Nicholas Carr, autor de "A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros". Recorrendo ao próprio exemplo, ele confessa que antes passava horas mergulhado em extensos trechos de prosa. "Agora, raramente isso acontece. Minha concentração começa a se extraviar depois de uma ou duas páginas." Na mesma linha, outro intelectual dizia que ninguém mais lê "Guerra e paz" por ser "longo demais". A internet teria mudado nosso jeito de ler, passando de linear, sequencial, para uma forma fragmentada, desatenta, interrompida por hiperlinks.

Olhei à minha volta e percebi o quanto havia de volumes "longos demais", que daqui a pouco estariam condenados, segundo essa tendência. Ali estavam "Ulisses", de James Joyce, 888 páginas); "Gênio", de Harold Bloom (828); "Pós-guerra", de Tony Judt (847); "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freyre, 40 edição (668); "Os sete pilares da sabedoria", de T.E. Lawrence (782), entre muitos outros. Será que a humanidade não iria produzir mais uma "Divina Comédia", um "Lusíadas" ou um "D. Quixote"? Será que só haverá lugar para mensagens de 140 toques? Talvez, se estivermos fabricando o que Carr chamou em entrevista a Guilherme Freitas de "leitor distraído, que não lê com profundidade; passa os olhos no texto, lê na diagonal". Decodifica apenas, em vez de "um sofisticado ato de interpretação e imaginação".

A questão, porém, é mais complexa, como se depreende do ensaio do professor João Cezar de Castro Rocha na mesma edição. Ele mostra que o advento da palavra impressa causou impacto parecido no universo da palavra falada e escrita. Décadas depois da invenção dos tipos móveis, o livro foi comparado a uma catedral, com um final que se anunciava infeliz: "O livro destruirá o edifício; a imprensa superará a arquitetura."

Agora, voltou à moda decretar o fim do impresso. Para quem, como eu, acredita na convergência e não no antagonismo entre as tecnologias de comunicação, o consolo é que os que anunciaram a morte da imprensa e do livro morreram antes.


Zuenir Ventura, Jornal O Globo do dia 22/04/2012

domingo, 11 de março de 2012

A Transdisciplinaridade na Sociedade Liquida

     Transdisciplinaridade é o suposto caminho a ser trilhado em meio a uma “sociedade liquida”; ou não. Em um mundo em que, como diria Marx, “tudo que é solido se desmancha no ar”, devido à velocidade das transformações provocadas pela parceria ciência e tecnologia, como traçar diretrizes rumo a uma Transdisciplinaridade?  E o que é pior, será que podemos considerar diretrizes traçadas por homens que se sentem acuados pela velocidade que as tecnologias apreendem nas mudanças dos “fatos”, ainda que estes homens sejam Doutores renomados em seus segmentos. Segundo Roger Chartier “Aquilo que é radicalmente novo, com a revolução eletrônica atual, é que não há processo de aprendizagem transmissível de nossa geração à geração dos novos leitores.” (CHARTIER, p93). Em outras palavras, essas mudanças proporcionadas pelas tecnologias digitais que se constituíram a base do mundo pós-moderno em que vivemos, ou como diria Bauman, dessa ”sociedade líquida” era inaudita, o que para Chartier invibialisa a transmissão de qualquer conhecimento das gerações que a antecederam para as gerações que nasceram em meio a esta realidade.
     Sendo assim, se utilizarmos um documento que traz um ideal de Transdisciplinaridade que é anterior ao boom das tecnologias digitais de informação e comunicação, temos, no mínimo, que tratá-lo criticamente e buscarmos a consciência do contexto no qual ele foi redigido. Caso contrário corremos o grande risco de propagarmos ideias que não condizem com o mundo em vivemos, se é que isso já não vem acontecendo. Senão, como explicarmos que nos últimos trinta anos a sociedade se transformou abruptamente deixando de ser solida segundo Bauman e passando a ser liquida? Entretanto, se pegarmos uma imagem de uma sala de aula de 1934 e compará-la com a imagem desta mesma sala em 2011 constataremos que quase nada se modificou e o que é pior se assistirmos uma aula nesta sala veremos que os atores são outros mais a aula é praticamente a mesma. A grande pergunta que fica para nós, educadores do século XXI é: O que esta faltando para que a educação se torne liquida e envolva os alunos no seu cotidiano na sala de aula?
     Hoje em meio a esta sociedade liquida onde as identidades são fluidas e na qual as “verdades” são passageiras e, “para sempre”, ao contrario do escreve Bauman, não dura nem vinte anos, aproximando-se mais do que disse o poeta e compositor Vinicius de Moraes: “Que seja eterno enquanto dure”, devemos sim nos preocupar em pensar e em agir transdisciplinarmente e interdisciplinarmente, porém, muito conscientes do mundo globalizado em que vivemos no qual as informações circulam tornando a sociedade liquida e as identidades moveis.


Referencias:
Carta de Transdisciplinaridade. Disponível em: www.ufrrj.br/.../Arquivo_14_Carta_Transdisciplinaridade_. Acesso em: 25/02/2012.
Bauman, Zigmunt. A Sociedade Liquida. Jornal Folha de São Paulo de 22 de maio de 2003.
CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro: do leitor ao navegador. Tradução: Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. 2ª Ed. Ed: Unesp – São Paulo – SP 1998.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Empresa de Correios e Telégrafos Brasileira

È no mínimo desolador, ver diariamente através dos veículos midiáticos, políticos do mais auto escalão encher a boca para dizer que o Brasil é a sexta economia mundial e que em 2014 ele será a sede da Copa do Mundo. Digo desolador para tentar manter o mínimo de dignidade de expressão, pois na verdade me vem pelo menos umas seis palavras para descrever esta situação que não seriam muito elegantes.

Falar de nossas deficiências na educação, saúde, segurança e tantas outra deficiências sociais que nos assolam, não seria novidade, pois, tenho lido e ouvido muitos artigos em jornais e reportagens em rádio e televisão sobre elas. Contudo, no atual momento em que a humanidade se encontra, neste mundo pós-moderno, em pleno século XXI, onde as barreiras da comunicação foram ultrapassadas, possibilitando a comunicação entre dois pontos distintos e aleatórios do globo terrestre de forma instantânea, nós brasileiros temos que conviver com uma empresa de correios deficiente.

Como assim? Talvez você esteja se perguntando. É isso mesmo, ou então como chamar uma empresa de correios que em pleno século XXI pede seis dias úteis para enviar uma encomenda registrada de São Paulo-SP para Belo Horizonte- MG? Veja bem, estamos falando de uma remessa entre duas capitais da primeira região do país, se levarmos em consideração o PIB, e não, de duas cidadezinhas de difícil acesso no interior do país. E pior, passado este seis dias a correspondência não é entregue conforme acordado. Ai o destinatário que possui o número de registro da mesma entra em contato com os Correios para reclamar o seu não recebimento, porém, descobre que só o número do registro da encomenda fornecido pela própria ECT não é o bastante para a realização da mesma. Segundo a ECT para que a reclamação seja registrada com sucesso tem que ser fornecido o nome e endereço completo do remetente e do destinatário.

Agora, se o número de registro fornecido pela a ECT ao seu usuário não serve para localizar a remessa, para que serve então? Bom, sem entender muito de lei, eu diria que isso fere o Código de Defesa do Consumidor. Sim, pois seria pertinente pensar que o usuário do ECT utiliza o envio registrado acreditando que, caso necessário, através do número fornecido pelos Correios sua correspondência será localizada é entregue a seu destino. Como isso, segundo informações fornecidas pelo sac. da ECT, não é suficiente para tal, acredito que podemos supor que seus usuários estejam sendo induzidos a acreditar em uma inverdade.  Ou não?

Então me respondão, que adianta posar como a sexta economia mundial enquanto a nação brasileira encontra-se repleta de problemas sociais e econômicos? Como a Presidente Dilma vai a Cuba anunciar a destinação de verbas para revitalização de um porto cubano com o único intuito de estimular o comercio entre Cuba e EUA, enquanto nós brasileiros, estamos precisando de verbas para que se promova o bem estar social em nosso país? Será que se esta verba fosse destinada para modernização do sistema postal brasileiro, para saúde, para segurança pública e principalmente para educação, não seria muito melhor para nós enquanto povo e para o país de maneira geral? Pousar como sexta economia é fácil, difícil é conseguir manter este status internamente. E uma coisa é certa, se o país não tem uma estrutura interna consistente, não há como manter sua posição externamente.
É, pensando bem, talvez a ECT não seja culpada e sim vitima da política e dos políticos brasileiro, como a imensa maioria dos brasileiros.

Mas tudo bem seremos a sede da Copa do Mundo em 2014 e tudo irá se resolver.

ACREDITE SE QUISER!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL CHILENO: povo e nação


Flávia Schettino Marques Gomes*; Luís Filipe Arreguy Soares**

flavia.schettino@terra.com.br;
 luisfas@ig.com.br

*Graduada em História uniBH, Belo Horizonte, MG; ** Professor do Curso de História uniBH, Belo Horizonte, MG

Recebido em 30/11/11 – Aprovado em 26/12/11 – Publicado em 30/12/11
RESUMO:
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a formação do Estado Nacional chileno dentro do contexto latino americano, bem como a maneira pela qual o pensamento social daquela nação se desenvolveu a partir das diretrizes impostas pela oligarquia que dominava a recém formada república. Partindo do inicio da colonização espanhola, enquanto o Chile desempenhava o papel de capitania geral, até chegar ao final do século XIX, é possível perceber a trajetória do país, desde a sua independência até a sua afirmação enquanto Estado independente e soberano. A ênfase recai sobre a relação Estado e sociedade, como eles se formaram e como se complementam.

Palavras-chave: estado nacional, sociedade, nação.

Artigo completo para baixar em pdf: http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Frevistas2.unibh.br%2Findex.php%2Fdchla%2Farticle%2Fview%2F685%2F383&h=wAQGBvduMAQFbSFgBd2b9L5ucp9RBwtO9SCMhHxJamt1HEg