Conforme artigo publicado em 1995 pela historiadora Maria de Lourdes Viana Lyra, sócia titular do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, até o ano de 1825 a data de sete
de setembro de 1822 era inexistente. Segundo Lyra (1995) “até então tinham sido
consideradas as seguintes datas decisivas para o processo: o 9 de janeiro, dia
do Fico; o 3 de maio, dia da inauguração da Assembleia Constituinte Brasileira;
e o 12 de outubro, dia da Aclamação”.
E assim, graças a aclamação popular, Dom Pedro I foi feito Imperador em
12/10/1822.
E Lyra (1995) continua, em um levantamento
feito nos jornais e publicações do ano de 1822 não foi encontrado nenhuma
referência sobre a data de o7 de setembro daquele ano. Mesmo porque, o que se
sabe que a data da independência divulgada naquele momento era no dia 12 de
outubro de 1822, e não no dia 07 de setembro. Outro fato interessante, é que os
tais documentos vindos de Portugal, os tais que supostamente Dom Pedro I teria
lido as margens do Ipiranga em 07 de setembro, só teria chegado ao Rio de
Janeiro no dia 22 de setembro de 1822.
Então como surgiu a data de 07 de setembro?
Segundo consta essa data foi estrategicamente pensada para restabelecer a
figura do Imperador que vinha se desgastando devido a várias atitudes equivocadas,
como relata Lyra (1995), “Um
príncipe que se declarara constitucional, que desde o Fico (9 de janeiro de
1821) vinha sendo aclamado até pelos setores mais liberais, que rompera com
Lisboa e convocara eleições para uma Assembleia Constituinte, tão amado que
recebera da Câmara o título de Defensor Perpétuo do Brasil, fora pouco a pouco
se convertendo num tirano. Primeiro, ao dissolver a Assembleia Constituinte,
depois, pela forma violenta com que reprimiu a Confederação do Equador e,
finalmente, pela assinatura do vergonhoso tratado.”
O
Tratado de reconhecimento de independência do Brasil por Portugal, mediado
pelos ingleses que queriam assegurar suas conquistas econômicas em relação ao
Brasil. Tratado esse que Dom Pedro I aceita assinar, e no qual consta que a
independência do Brasil teria sido concedida por Dom João VI que, de forma magnânima
teria aberto mão do seu direto ao trono brasileiro em favor de seu filho. Sendo
assim, a criação de uma data anterior ao Tratado assinado com Portugal, em que
por iniciativa própria, Dom Pedro I teria optado pelo rompimento com a corte
portuguesa era muito bem-vinda. É ai que a partir de 1826, começamos a
encontrar relatos, com o do padre Belchior, que se diz testemunha ocular do
fato. E é em meio a todos esses
acontecimentos que a data de 07 de setembro ganha sentido e importância para
restaurar a imagem do Imperador.
Referencia:
Imagem de Pedro Américo.
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