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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Especialista em Docência do Ensino Superior pela Fibh e graduado em História pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Atualmente é professor do ensino médio. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da tecnologia na educação.

sábado, 13 de agosto de 2011

CLAREAR PARA DESENVOLVER




Mercado de escravos Século XIX - Rugendas



No Brasil o racismo está diretamente ligado a escravidão. O projeto missionário da Igreja Católica, a necessidade de mão-de-obra e a concessão de posse do negro foram importantes para a legitimação da escravidão. Somente depois da assinatura da Lei Áurea em1888, que o problema em relação à raça e o desenvolvimento do país atraíram o interesse da elite, e o discurso racista ganha força apoiando-se na teoria de que o negro era inferior.
Porém, no período colonial brasileiro não há uma organização legal ou ideológica de discriminação racial, o que não impede que haja ideias negativas em relação ao negro em comparação ao branco. Após a abolição da escravidão, a ideia de inferioridade se fortaleceu apoiando no chamado “racismo científico”. Assim após 1870 a elite brasileira abraça essa ideia, chegando a ter sua maior aceitação entre 1880 e 1920.
Em 1889 com a proclamação da república, o conceito de raça ganha força e junto com ele as desigualdades que agora não poderiam mais ser justificadas pelo direito de posse, pela história, religião ou cultura. Então o que separaria as raças eram as diferenças naturais entre brancos e negros. Diferenças que tinham que ser combatidas, uma vez que só um país branco poderia obter o progresso. Desta forma cria-se um clima de preconceito na qual:
·         A presença do negro em locais públicos é mal vista.
·         Aumenta as formas de discriminação.
·         Cresce o estímulo à imigração de europeus.
As diferenças que caracterizavam a população brasileira passaram a ser importantes para mediar o crescimento nacional. Baseando-se em pensamentos “científicos” sobre as questões raciais que apareceram após as primeiras décadas do século XIX na Europa, porém, com outra interpretação, originou-se à ideia de uma hierarquia racial, passando-se então, a acreditar que uma sociedade com muitas raças, era sinônimo de muitos problemas, o que fortalece o pensamento de que através da mestiçagem conseguiria o predomínio da raça branca. Assim, como forma de dar credibilidade ao pensamento de superioridade do branco e na tentativa de pouco a pouco acabar com os negros que eram vistos como um fator negativo para o crescimento do país, apareceu a ideia do branqueamento como meta nacional. Contudo, na teoria do branqueamento havia um olhar otimista em relação à mestiçagem e ao mulato, devido a seu grande número, sua circularidade pela sociedade da época e a possibilidade de continuar seu caminho rumo ao ideal de ser branco.
O ideal de uma construção de igualdade e unidade social não existia no Brasil ao iniciar o período republicano. O que durante um logo período predominou foi à teoria do branqueamento, uma vez que acreditava-se que para conseguir progresso era necessário mais que desenvolvimento econômico e instituições modernas. O pensamento de clareamento da raça foi uma constante no cenário político brasileiro até as décadas finais do século XIX, o que contribuiu para o aumento das desigualdades sociais e dificultou a integração da população Afro-descendente. A busca da modernidade nacional estava ligada ao projeto de clareamento progressivo racial, o que abriu o país aos imigrantes europeus com a finalidade de acelerar o processo de clareamento e de modernização do Brasil.
Entre 1920 e 1930, mesmo com enfraquecimento da “teoria das raças” o branqueamento ganha força, já que para as elites, o Brasil parecia cada ver mais branco, trazendo a ideia de que o problema racial estivesse cada vez mais próximo de uma solução.
 
 
REFERENCIA
JACCOUD, Luciana. Racismo e República: O debate Sobre o Branqueamento e a Discriminação Racial no Brasil. In: THEODORO, Mário. (Org). Brasília, Ipea, 2008, 176p.

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