Páginas

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Especialista em Docência do Ensino Superior pela Fibh e graduado em História pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Atualmente é professor do ensino médio. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da tecnologia na educação.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

À Luz da Memória e do Documento

                
A humanidade vive um momento em que a informação é o bem mais precioso que uma pessoa pode possuir. E não precisamos nos esforçar muito para percebermos esta realidade, basta navegar pela internet para constatar-la. Entretanto, não é de hoje que a informação vem fazendo a diferença no cotidiano da humanidade. Se passearmos rapidamente pela história, poderemos evidenciar o quanto a informação adquirida juntamente com o conhecimento e a tecnologia tem sido importante na evolução da humanidade no decorrer dos séculos.
Em relatos e evidencias sobre o homem mais antigo que se têm conhecimento, já nos é possível perceber uma capacidade de adquirir e reter conhecimentos. Podemos ainda inferir que a aquisição destes conhecimentos na maioria das vezes, é motivada pelos obstáculos que se lhe apresentam e pela sua necessidade de superá-los. Destarte, o homem através do acumulo de conhecimentos adquiridos, motivado pelos percalços a serem superados e por sua capacidade de raciocínio é estimulado a produzir tecnologia. Temos assim, um quadro que vêm se perpetuando durante milhares de anos e, ainda presente em nossos dias, ou seja, conhecimento gera tecnologia que, por sua vez, resulta em informação. O resultado deste processo transforma o cotidiano das pessoas, facilitando a produção de mais conhecimentos que, cedo ou tarde, culminará em uma nova tecnologia que outra vez produzirá informação possibilitando a assimilação de novos conhecimentos que tendem a resultar em novas tecnologias, e assim, gerar mais informação, tornando-se um circulo vicioso. 
Neste longo caminho que a humanidade vem percorrendo, desde o primeiro registro encontrado sobre o ser humano até aos nossos dias, podemos observar que dentre os inúmeros conhecimentos adquiridos, tecnologias e informações produzidas, alguns foram essenciais para o desenvolvimento da humanidade tal qual a conhecemos hoje. Ademais poderíamos citar aspectos triviais do nosso cotidiano como o dialeto que possibilitou a comunicação entre os indivíduos e facilitou à aquisição e propagação de conhecimentos, a escrita criada na mesopotâmia, que nos trouxe a possibilidade de registrar estes conhecimentos e transmiti-los através do tempo, a prensa com tipos móveis e muitas outras tecnologias que já estão intrinsecamente ligadas ao cotidiano contemporâneo.
Entretanto, só nos é possível conhecer um pouco dos fatos que vêem acontecendo no cotidiano da humanidade no decorrer dos séculos, graças à memória e aos documentos que de uma forma ou de outra foram preservados. Neste contexto, nos é possível inferir que no principio da humanidade já havia, de alguma forma, a preocupação de preservar a memória daquele cotidiano, ainda que inconsciente.  Se não, como explicar as pinturas rupestres, a escrita na pedra, o quipu e todas as outras formas de expressão encontradas no mundo todo e, em diversas civilizações?
Porém, para que possamos nos aproximar do verossímil, precisamos observar algumas técnicas no trato do documento e da memória. Além disso, a ideia de documento no que concerne ao historiador, sofreu mudanças significativas com o passar dos anos como podemos perceber quando Lopez cita Jacques Le Goff:
A história nova ampliou o campo do documento histórico; ela substituiu a história de Langlois e Seignobos, fundada essencialmente nos textos, por uma história baseada numa multiplicidade de documentos: escritos de todos os tipos, documentos figurados, produtos de escavações arqueológicas, documentos orais, etc. Uma estatística, uma curva de preços, uma fotografia, um filme, ou, para um passado mais distante, um pólen fóssil, uma ferramenta, um ex-voto são, para a história, nova, documentos de primeira ordem. (p19).
        
Assim para tentarmos reproduzir os fatos acontecidos com a maior proximidade que nos é possível, precisamos problematizar o objeto de estudo, questionar quando o documento que utilizaremos foi criado, por quem foi criado, por qual motivo foi criado, e mais, quais acontecimentos permeavam a sociedade local e mundial naquele momento que poderiam de alguma forma influenciar na elaboração do documento em questão.
É preciso lembrar que, para o historiador do século XXI, a facilidade de obter informações, dado a sua grande difusão através das tecnologias da informação, em especial a internet, pode-se configurar em uma ameaça ao invés de auxilio. Destarte, um fator essencial e que deve ser observado com rigor é a fonte de onde extraímos nosso documento. Neste sentido cabe a nós enquanto pesquisadores, nos mantermos atualizados em relação as nova tecnologia que surgem e se renovam todos os dias neste mundo globalizado, afim de que saibamos discernir de onde podemos ou não extrair informações confiáveis. Pois só observando estes cuidados poderemos realizar um trabalho serio e com bases solidas.
Referencia
LOPEZ, André Porto Ancona. DOCUMENTO E HISTÓRIA. In MALERBA, Jurandir (org). A VELHA HISTÓRIA: Teoria, Método e Historiografia. São Paulo: Ed. Papirus. 1996. p. 15-36.

Nenhum comentário:

Postar um comentário